São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009

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NA ESTRADA

Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br

Helsinki: rota 666

A regra é a mesma para todos: para obter sucesso, precisamos nos dedicar ao que podemos oferecer aos outros, e não ao que esperam que façamos por eles. Certifiquei-me disso quando recebi um convite do governo finlandês. Queriam que eu visitasse Helsinki, capital do país, com outros três profissionais da música: Monika Cavalera, Heloisa Vidal e Ricardo Campos.
Entre reuniões com gravadoras, agências e associações de exportação, entrevistas com músicos e um dos maiores festivais de metal extremo (o Tuska Open Air Metal Festival), descobriríamos como colaborar com um dos lugares mais rock'n'roll do mundo. A coordenadora cultural Sari Pesonen fez uma programação para nos integrar. Achamos um governo que apoia o metal.
A Musex, por exemplo, é uma associação que representa a fonoindústria finlandesa. Doze organizações facilitam marketing, divulgação e vendas no exterior.
Na versátil Finlândia, a música é muito importante. Todas as crianças recebem educação musical e 47% fazem cursos extracurriculares. Paulina Ahokas, diretora da Musex, nos deu uma apresentação detalhada. "O que diferencia os artistas medíocres dos grandes são as boas maneiras. Apertar mãos é importante."
Ville Valo, vocalista do HIM, banda de maior sucesso do país na atualidade, que já vendeu mais de 4 milhões de discos pelo mundo, apoiou a teoria. Chegou caminhando de mochila no nosso hotel no centro da cidade, bebeu Red Bull, porque parou com o álcool, e não se importou em falar sobre sua vida amorosa pós-término de relacionamento, sua luta com o álcool e a morte de pessoas queridas.
Terminou a entrevista, fumou um cigarro conosco e gravou vídeos nos ajudando a divulgar bandas brasileiras. No final, ligou para seu pai e avisou que iríamos visitar o sex shop dele. Lá, apertamos mais uma mão e ganhamos camisetas, chicotes e algemas da banda.
Ouvi essa frase de um vocalista finlandês: "Sempre fui punk, mas você me quebrou ao me mostrar que meu governo é incrível". Por esse motivo, vou começar a falar sobre o rock da Finlândia por algumas poucas semanas. A indústria fonográfica brasileira está precisando ver o sol da meia-noite. E eu prometo: pelo menos dez bandas ótimas estão a caminho.

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