|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NA ESTRADA
Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br
Helsinki: rota 666
A regra é a mesma para todos: para obter sucesso,
precisamos nos dedicar ao que podemos oferecer
aos outros, e não ao que esperam que façamos por
eles. Certifiquei-me disso quando recebi um convite do
governo finlandês. Queriam que eu visitasse Helsinki,
capital do país, com outros três profissionais da música:
Monika Cavalera, Heloisa Vidal e Ricardo Campos.
Entre reuniões com gravadoras, agências e associações de exportação, entrevistas com músicos e um dos
maiores festivais de metal extremo (o Tuska Open Air
Metal Festival), descobriríamos como colaborar com
um dos lugares mais rock'n'roll do mundo. A coordenadora cultural Sari Pesonen fez uma programação para
nos integrar. Achamos um governo que apoia o metal.
A Musex, por exemplo, é uma associação que representa a fonoindústria finlandesa. Doze organizações facilitam marketing, divulgação e vendas no exterior.
Na versátil Finlândia, a música é muito importante.
Todas as crianças recebem educação musical e 47% fazem cursos extracurriculares. Paulina Ahokas, diretora
da Musex, nos deu uma apresentação detalhada. "O que
diferencia os artistas medíocres dos grandes são as boas
maneiras. Apertar mãos é importante."
Ville Valo, vocalista do HIM, banda de maior sucesso
do país na atualidade, que já vendeu mais de 4 milhões
de discos pelo mundo, apoiou a teoria. Chegou caminhando de mochila no nosso hotel no centro da cidade,
bebeu Red Bull, porque parou com o álcool, e não se importou em falar sobre sua vida amorosa pós-término de
relacionamento, sua luta com o álcool e a morte de pessoas queridas.
Terminou a entrevista, fumou um cigarro conosco e
gravou vídeos nos ajudando a divulgar bandas brasileiras. No final, ligou para seu pai e avisou que iríamos visitar o sex shop dele. Lá, apertamos mais uma mão e ganhamos camisetas, chicotes e algemas da banda.
Ouvi essa frase de um vocalista finlandês: "Sempre fui
punk, mas você me quebrou ao me mostrar que meu governo é incrível". Por esse motivo, vou começar a falar
sobre o rock da Finlândia por algumas poucas semanas.
A indústria fonográfica brasileira está precisando ver o
sol da meia-noite. E eu prometo: pelo menos dez bandas
ótimas estão a caminho.
Texto Anterior: Os "artistas" expostos Próximo Texto: Sexo & Saúde - Jairo Bouer: Decisões para a vida Índice
|