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SEXO E SAÚDE
Camisinha: ela está perto de você?
JAIRO BOUER
Você encontra camisinhas à sua disposição quando precisa? Sempre tem dinheiro para comprar preservativos? Essas duas perguntas, que parecem meio
óbvias, são pontos importantes para a
gente tentar entender por que o jovem usa menos camisinha do que deveria.
Lógico que a falha no uso da camisinha tem outras
explicações, além da proximidade do local de venda
ou distribuição e do seu custo. Falta de informação e
questões emocionais pesam muito. Mas, em um país
como o Brasil, em que parte importante da população
jovem luta para arrumar emprego e pagar as contas
mais básicas, o preço da proteção pode ser um grande
obstáculo.
O fato de a maior parte da venda de camisinhas
acontecer em farmácias e supermercados também
pode inibir o acesso do jovem ao preservativo. Tem
gente que ainda morre de vergonha de entrar em um
ponto-de-venda desse tipo para comprar camisinha.
E mais: muitas vezes, esses locais estão fechados à noite, quando os namoros "esquentam" e a camisinha
pode ser uma urgência.
Lógico que as pessoas deveriam ser prevenidas e andar com camisinha na bolsa ou na carteira. Mas você
já parou para pensar o quanto a moçada é atrapalhada
quando se fala em planejamento? E o quanto se esquece carteira, celular, chave e, é lógico, camisinha, na hora da pressa de sair para a balada?
Talvez o melhor fosse a distribuição mais farta de
camisinhas em pontos como clubes, bares, boates e
outras casas do ramo. Máquinas que vendem preservativos (como as que vendem refrigerantes e salgadinhos) poderiam ser uma alternativa.
Além disso, será que cada vez mais as camisinhas
não deveriam ser distribuídas nas próprias escolas e
faculdades, dentro de um projeto mais amplo de discussão de sexualidade e prevenção?
Recentemente, passei algumas semanas na Escola
Internacional de Cinema e TV de Cuba, a uma hora de
Havana. Lá, camisinhas ficavam disponíveis o tempo
todo para que os alunos pudessem utilizar caso fosse
necessário. E estamos falando de um país pobre como
Cuba, mas muito focado na questão da saúde e da prevenção.
Também mais postos de saúde, com um enfoque
em projetos para jovens, poderiam
garantir uma cota mensal e gratuita
de preservativos para a moçada.
Todas essas medidas já acontecem,
em pequena escala. Que tal ampliar
aquelas que estão dando certo? O
que você acha?
Boa nova!
Uma notícia recente foi muito
bem-vinda. No próximo ano, vai
ser inaugurada uma fábrica nacional de camisinhas em Xapuri, no
Acre, que deve contribuir para baixar custos e aumentar a oferta.
Jairo Bouer, 38, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br
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