São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2004

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MÚSICA

Arapuca de metal

Linkin Park faz em São Paulo o show mais aguardado pelos adolescentes neste ano

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

De um lado, seis caras de Los Angeles que gostam de estilos de música completamente diferentes e venderam mais de 25 milhões de discos. De outro, fãs que compram esses CDs e consideram a atração, que toca em São Paulo no sábado, a maior banda da atualidade, principalmente por causa da energia que a música do grupo tem e por falar exatamente o que os jovens querem.
A verdade é que nada do que o Linkin Park fez em seus quatro discos (os de carreira "Hybrid Theory" e "Meteora", mais um de remixes e um ao vivo) é inédito. Para quem não lembra, misturar hip hop com rock pesado já havia sido o tema, muito tempo antes, de grupos como Rage Against the Machine e Faith No More, entre outros.
O que faz, então, o Linkin Park ser o preferido de boa parte dos adolescentes do planeta? "Acho que as letras que Chester [Bennignton, vocalista] e Mike [Shinoda, vocalista] escrevem fazem com que qualquer pessoa se identifique com eles. São sobre sentimentos universais. Eles falam sobre reações a coisas que estão acontecendo. Todo mundo, de certo modo, se vê na situação deles", teoriza o baterista do Linkin Park, Rob Bourdon, 25, para o Folhateen.
Tudo bem que boa parte dos fãs brasileiros de Linkin Park não tem a menor dificuldade de traduzir as letras simples, rasas e diretas da banda, mas muita gente nem sequer entende o que eles cantam. "Nesse caso, acho que é o fato de misturarmos estilos diferentes. Quem gosta de hip hop vai gostar, quem gosta de rock também. Fizemos algo realmente diferente, algo que nunca havia sido feito antes. Muitas pessoas nos escutam por causa disso", tenta explicar o baixista Dave "Phoenix" Farrell, 27, também em entrevista ao Folhateen.
Rob iniciou a carreira tocando soul e rhythm'n'blues e tem como baterista predileto Carter Beauford, da careta Dave Matthews Band. Phoenix começou tocando guitarra e segue o exemplo dos baixistas Adam Clayton, do U2, e de Les Claypool, do Primus. Já Mike acabou de remixar uma faixa do grupo inglês de tecnopop Depeche Mode. Fica a pergunta: será que algum deles realmente gosta do próprio som?
É contraditório, mas eles dizem, "é claro". Mas quem deve acreditar ou não é você, que desembolsou parte da sua mesada nos discos dos caras e no ingresso para ver o grupo tocando ao vivo no Morumbi.
O show está marcado para as 22h e, segundo Rob, dura cerca de uma hora e meia. Haverá pelo menos uma cover, a música "Wish", do projeto de rock industrial Nine Inch Nails, que a banda veio tocando durante a turnê Projekt Revolution, ao lado do grupo Korn e do rapper Snoop Dogg. A turnê terminou ontem, nos EUA.
Com isso, o show relâmpago em São Paulo será o último do ano para a banda, antes de se preparar para gravar o terceiro disco de inéditas, previsto para 2005.
"Temos um estúdio no nosso ônibus da turnê e estamos juntando algumas idéias para o próximo disco, mas começaremos a trabalhar nele somente no ano que vem. Não vamos tocar nada novo, porque ainda não temos nada pronto e ainda está longe de algo concreto", conta Rob.
Outra característica do Linkin Park é se manter alheio à política, lembrando que o disco "Hybrid Theory" foi o mais vendido no fatídico ano de 2001, o dos atentados terroristas contra os EUA, que completarão três anos no dia em que o grupo se apresenta aqui. "Somos seis caras e não dividimos o mesmo ponto de vista político. Estamos mais interessados em cantar nossa vida e o nosso dia-a-dia. Não quero usar minha fama para me posicionar em relação à Guerra no Iraque. Por ficarmos envolvidos com música, perdemos contato com o que está acontecendo. Não me sinto à vontade para opinar. É claro que não apoio a guerra e não quero ver pessoas morrendo. Espero uma solução pacífica", afirma Phoenix.


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