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MÚSICA
Arapuca de metal
Linkin Park faz em São Paulo o show mais aguardado pelos adolescentes neste ano
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
De um lado, seis caras de Los Angeles
que gostam de estilos de música
completamente diferentes e venderam mais de 25 milhões de discos. De outro, fãs que compram esses CDs e consideram a atração, que toca em São Paulo no sábado, a maior banda da atualidade, principalmente por causa da energia que a música do grupo tem e por falar exatamente o
que os jovens querem.
A verdade é que nada do que o Linkin
Park fez em seus quatro discos (os de carreira "Hybrid Theory" e "Meteora", mais
um de remixes e um ao vivo) é inédito. Para
quem não lembra, misturar hip hop com
rock pesado já havia sido o tema, muito
tempo antes, de grupos como Rage Against
the Machine e Faith No More, entre outros.
O que faz, então, o Linkin Park ser o preferido de boa parte dos adolescentes do
planeta? "Acho que as letras que Chester
[Bennignton, vocalista] e Mike [Shinoda,
vocalista] escrevem fazem com que qualquer pessoa se identifique com eles. São sobre sentimentos universais. Eles falam sobre reações a coisas que estão acontecendo.
Todo mundo, de certo modo, se vê na situação deles", teoriza o baterista do Linkin
Park, Rob Bourdon, 25, para o Folhateen.
Tudo bem que boa parte dos fãs brasileiros de Linkin Park não tem a menor dificuldade de traduzir as letras simples, rasas
e diretas da banda, mas muita gente nem
sequer entende o que eles cantam. "Nesse
caso, acho que é o fato de misturarmos estilos diferentes. Quem gosta de hip hop vai
gostar, quem gosta de rock também. Fizemos algo realmente diferente, algo que
nunca havia sido feito antes. Muitas pessoas nos escutam por causa disso", tenta
explicar o baixista Dave "Phoenix" Farrell,
27, também em entrevista ao Folhateen.
Rob iniciou a carreira tocando soul e
rhythm'n'blues e tem como baterista predileto Carter Beauford, da careta Dave Matthews Band. Phoenix começou tocando
guitarra e segue o exemplo dos baixistas
Adam Clayton, do U2, e de Les Claypool,
do Primus. Já Mike acabou de remixar uma
faixa do grupo inglês de tecnopop Depeche
Mode. Fica a pergunta: será que algum deles realmente gosta do próprio som?
É contraditório, mas eles dizem, "é claro". Mas quem deve acreditar ou não é você, que desembolsou parte da sua mesada
nos discos dos caras e no ingresso para ver
o grupo tocando ao vivo no Morumbi.
O show está marcado para as 22h e, segundo Rob, dura cerca de uma hora e meia.
Haverá pelo menos uma cover, a música
"Wish", do projeto de rock industrial Nine
Inch Nails, que a banda veio tocando durante a turnê Projekt Revolution, ao lado
do grupo Korn e do rapper Snoop Dogg. A
turnê terminou ontem, nos EUA.
Com isso, o show relâmpago em São Paulo será o último do ano para a banda, antes
de se preparar para gravar o terceiro disco
de inéditas, previsto para 2005.
"Temos um estúdio no nosso ônibus da
turnê e estamos juntando algumas idéias
para o próximo disco, mas começaremos a
trabalhar nele somente no ano que vem.
Não vamos tocar nada novo, porque ainda
não temos nada pronto e ainda está longe
de algo concreto", conta Rob.
Outra característica do Linkin Park é se
manter alheio à política, lembrando que o
disco "Hybrid Theory" foi o mais vendido
no fatídico ano de 2001, o dos atentados terroristas contra os EUA, que completarão
três anos no dia em que o grupo se apresenta aqui. "Somos seis caras e não dividimos
o mesmo ponto de vista político. Estamos
mais interessados em cantar nossa vida e o
nosso dia-a-dia. Não quero usar minha fama para me posicionar em relação à Guerra no Iraque. Por ficarmos envolvidos com
música, perdemos contato com o que está
acontecendo. Não me sinto à vontade para
opinar. É claro que não apoio a guerra e
não quero ver pessoas morrendo. Espero
uma solução pacífica", afirma Phoenix.
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