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ESCUTA AQUI
Uma rádio dos sonhos
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Trocando uma idéia com
"Escuta Aqui", uma
lendária figura do rock
do Brasil fala de dezenas de assuntos, o principal deles a lastimável situação da
música nas rádios brasileiras.
Não quero apresentar soluções
prontas (se as tivesse, compraria
uma rádio e ganharia rios de dinheiro), mas vale a pena citar pontos da conversa. Afinal, como seria
uma rádio superbacana?
Como todo mundo sabe, 99,99%
do que toca no seu rádio, hoje, é jabá. Ou seja: as gravadoras pagam
para que as estações bombem as
faixas "de trabalho" o dia inteiro.
Durante séculos, fingia-se que o jabá não existia. Todo mundo ganhava, ninguém assumia. Hoje, fala-se
mais abertamente, embora não haja lei sobre o assunto.
Pois então: na rádio superbacana,
pode ou não rolar jabá? Será que,
para provar que está longe dos
trambiques, essa emissora deveria
chutar o balde, tocando só o que
desse na telha dos programadores?
"Escuta Aqui" e o roqueiro nacional estão de acordo: não dá para
transformar a programação em algo aleatório, que não repete músicas só para provar independência.
É preciso ter alguma sistematização, algo a que o ouvinte se acostume. Exemplo dessa linha "independente, porém com rumo" é a sempre elogiada Indie 103, de Los Angeles (www.indie1031fm.com). A
linha-mestra é a seguinte: tocar só
as melhores faixas de cada disco. E
que discos são esses? Basicamente, os dos nomes "indie" que estão bem no momento, mais clássicos alternativos dos anos 80 e 90.
A Indie 103 não torra a paciência apresentando uma mesmo música 80 vezes.
Mas também não embarca na piração total de vasculhar o arquivo e tocar, no horário nobre, a faixa 15 de um grupo de rock progressivo siciliano dos anos 70.
Mas, e o jabá? O que fazer com ele no Brasil? Buscar a pureza total, ficando longe disso, ou aceitar a bagunça completa de hoje?
De novo, será que não seria possível um meio termo? Alguma regulamentação
clara que explicitasse números e porcentagens, que não deixasse dúvidas sobre
quanto e para quem é preciso pagar para que uma música toque? Ou será melhor
manter a hipocrisia atual, situação de fato que não encontra respaldo no papel?
Álvaro Pereira Júnior, 41, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
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