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SEXO & SAÚDE
Obesidade e vida sedentária
JAIRO BOUER
No final do ano passado fiz duas rápidas viagens. Estive em Londres (Reino Unido) e,
logo em seguida, fui à Florida (EUA). Não
é de hoje que os americanos enfrentam
uma epidemia de obesidade, mas levei um
susto com a quantidade de americanos acima do peso
ou obesos que passeavam pelas ruas de Orlando, agarrados a pacotes imensos de comida e a copos gigantes de
refrigerantes. Na Europa, apesar de pesquisas mostrarem que a obesidade também avança, o cenário não chega nem perto do que vi nos EUA.
Obesidade virou problema de saúde pública em muitas partes do mundo. No Brasil, não é diferente. Uma
pesquisa divulgada pelo IBGE no final de 2004 revelou
que no país, hoje, a obesidade é um problema ainda
maior do que a desnutrição ou a fome. Seria talvez importante deslocar o foco do "Fome Zero" para algo como "coma bem".
Discussões políticas à parte (para quem acompanha
essa história, não concordo que os resultados de um instituto de pesquisa sejam vistos antes pelo governo), o
problema do peso inadequado chegou por aqui e afeta
também crianças e jovens.
Uma outra pesquisa realizada pela Unesco com 10 mil
jovens no segundo semestre de 2004 revelou que mais
da metade dos brasileiros não pratica nenhuma forma
de atividade física, situação que piora entre os jovens
mais pobres e os que têm menor escolaridade. Entre as
garotas, quase 80% não praticam esportes.
Muitas vezes são justamente os jovens mais pobres
que, por falta de dinheiro, de educação alimentar ou de
hábito, acabam ingerindo maior quantidade de alimentos calóricos e gordurosos e menor quantidade de carne,
leite, verduras, frutas e fibras. Será que a tradicional dieta do brasileiro (arroz, feijão e algum tipo de "mistura")
está perdendo espaço para enlatados, embutidos e fast
food, mais baratos e fáceis de serem comidos? Tomara
que não, porque nossa dieta tradicional é boa.
Será que o país do futebol, das "peladas" e das brincadeiras de rua, por problemas
de segurança, de falta de tempo, de ausência de espaço físico e do pouco incentivo nas escolas, está emparedando os jovens na frente de computadores e da TV? Também tomara
que não, porque o sedentarismo é inimigo da saúde e da
qualidade de vida.
Está na hora de a gente parar
um pouco para pensar em como estamos nos alimentando
e em como andam nossas atividades físicas. E, mais, imaginar formas de fazer mais gente
perceber que pacotes imensos
de hambúrguer e de refrigerante estão longe de ser modelo de felicidade e de qualidade
de vida.
Jairo Bouer, 38 anos, é médico @ - jbouer@uol.com.br
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