São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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nova fase

Atrás do volante

Conquistar a independência que a carteira de motorista traz não é fácil; descubra como alguns jovens enfrentaram esse grande desafio

Alex Almeida/Folha Imagem
Gabriel, 19, se sente um Schumacher em seu primeiro possante

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O aniversário de 18 anos é o mais aguardado na vida da maioria dos adolescentes. Afinal, é nessa idade que eles têm acesso a um valioso passaporte para a independência: a carteira de motorista. O estudante Marcos Bella Nina Janbi, 19, esperou menos de 1 mês para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) depois de atingir a maioridade. "Eu não queria mais depender dos outros."
Marcos aprendeu a dirigir em um trator, aos 12 anos, na fazendo do tio. "Eu sempre passava as férias lá e pedi para ele me ensinar. Comecei pelo trator e depois fui para o carro".
É comum entre os garotos aprender a dirigir mais cedo com alguém da família. Rodrigo Broggi, 18, pegou os macetes da direção com o pai, em Ubatuba. "Comecei quando tinha uns 12 anos", conta. "Aos 15, já sabia dirigir normalmente."
Apesar disso, ele garante que nunca sentou no banco do motorista na cidade antes de tirar a carteira. Hoje, ele tem seu próprio veículo e ajuda a família levando as duas irmãs mais novas na escola todos os dias. "Eu me sinto meio responsável por elas", afirma.
Rodrigo acredita que as aulas na auto-escola ajudam a passar no exame para obter a CNH, mas não ensinam ninguém a dirigir de verdade. "Muita gente passa no teste, mas não necessariamente sabe guiar", opina. "Conheço vários casos."
Para Julia Rechtman, 18, que está prestes a fazer sua primeira prova no Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), as aulas práticas estão sendo importantes. "Nunca tinha dirigido antes e já estou bem melhor", reconhece.
Agora, ela não vê a hora de ser uma motorista habilitada. "Acho que a carta vai me trazer uma independência legal."
Gabriel de Novaes França, 19, pensa que a auto-escola serve apenas para dar uma noção básica do que vem pela frente. "O que eu aprendi lá foi a fazer baliza", diz. Para ele, o teste final são as ruas congestionadas de São Paulo. "Quando peguei meu primeiro dia de chuva, vi que as coisas podem acontecer: o breque pode falhar, alguém pode passar e você não prestar atenção. Fiquei assustado."
Dois meses depois de estar com a carteira, Gabriel fez uma curva muito aberta e acabou batendo de leve no veículo que vinha pela outra mão. "Eu estava com minha família inteira no carro", recorda. "Fiquei nervoso porque meu pai avisou antes e eu não tive o reflexo certo para evitar a batida." Hoje, o garoto se sente seguro para trafegar pelas vias da cidade.
Daniela Del Carlo Bernardi, 18, também passou apuros no início de sua vida de motorista. As ladeiras paulistanas costumavam ser suas maiores inimigas. "Uma vez, parei num sinal na subida e não conseguia mais sair", conta. Ao comentar o incidente com uma amiga, ouviu um conselho do qual não se esqueceu mais: é melhor cantar pneu do que deixar morrer.
Hoje, a estudante garante que já é melhor motorista que a mãe. "Adoro guiar e dar carona para os amigos", conta. Para ela, a auto-escola foi fundamental. "Eu não sabia nem ligar o carro. Quando descobri que tem que soltar a embreagem devagar e olhar para três espelhos ao mesmo tempo, achei que não ia aprender nunca."
Mas, depois de 15 aulas, Daniela já se sentia pronta para o exame. "Achei bem tranqüilo."
Ao contrário dela, para muitos adolescentes o nervosismo atrapalha o teste prático. Foi o caso de Lygia Neder, 19. "Todo mundo fala que eles são muito rigorosos, então eu já cheguei lá ansiosa e acabei não passando", diz. "Na segunda vez, eu estava mais calma e consegui."
Ana Carolina di Giachomo, 19, teve que aturar três vezes o suplício da prova antes de ter nas mãos a cobiçada CNH. "Foi um sacrifício. Não passei no primeiro teste. Quando fui fazer o segundo, estava ainda mais nervosa e reprovei de novo", relembra. A estudante marcou a terceira tentativa após os 15 dias exigidos entre um teste e outro. Desta vez, foi aprovada. E ela garante que nem pensou em recorrer à prática ilegal de "comprar" a carteira de motorista. "Não concordo com essa atitude", diz.
O persistente Daniel Botelho, 22, está indo para sua quarta tentativa no final do mês. Ele tentou tirar carta pela primeira vez em 2005. Desde então, fez o exame mais duas vezes e foi reprovado. "Eu fico nervoso na hora e me atrapalho", lamenta. Apesar disso, ele não pensa em desistir. "Dirigir atualmente é uma necessidade."
Se você também foi reprovado no teste de motorista ou vai tentar pela primeira vez, veja no quadro ao lado as dicas de quem já passou, para se dar bem na hora da prova.


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