São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2011

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LIBERDADE DE INVENÇÃO

JOVENS GÊNIOS EXPÕEM ENGENHOCAS E PESQUISAS EM FEIRA INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS

MAYRA MALDJIAN

ENVIADA ESPECIAL A NOVO HAMBURGO (RS)

"Hi, how are you?", acena Yuri Serafim Guisalberti, 19, de seu estande. "Opa, desculpa! Esqueci de desligar a 'chavinha' do inglês", gargalha.
Confusão desfeita, põe-se a explicar, com eloquência, a engenhoca criada para alertar as donas de casa sobre o vazamento de gás no fogão.
No outro extremo do pavilhão, um trio de chinesas misturava o inglês a gestos para explicar aos vizinhos venezuelanos as maravilhas medicinais e estéticas de uma flor chamada rosa de porcelana, tema do projeto de estreia da China no evento.
O clima na Mostratec, a maior feira internacional de ciência e tecnologia do Brasil, realizada em solo gaúcho na semana retrasada, foi assim. Um burburinho de línguas, sotaques e mímicas.
Lado a lado, criadores de 22 países, incluindo o Brasil, apresentaram suas criaturas. Eram, ao todo, 350 projetos, entre engenhocas e pesquisas das mais diversas áreas do conhecimento humano.
Por trás do deslumbre com o divertido "intercâmbio cultural", dedos cruzados nas costas para conquistar um dos maiores prêmios da Mostratec: uma vaga na Isef, nos EUA, a feira dos sonhos de qualquer inventor.
Ali, meses de estudo e dedicação eram colocados, finalmente, à prova por uma equipe de avaliadores.
"Dá um frio na barriga, mas eles não são carrascos", brinca Juliana Almeida, 16, que veio para a feira com a ajuda de custo oferecida por sua escola, em Imperatriz (MA): R$ 1.000. As passagens saíram do próprio bolso.
"Os avaliadores explicam em que temos que melhorar. Um deles vai até me emprestar um livro", comenta Allan Bastos, 16. Juntos, Juliana e Allan desenvolveram um "ecoconcreto", com PET derretido no lugar de cimento.
A variedade de "soluções" para as agruras do mundo é impressionante.
Encontrar alternativas para amenizar problemas ambientais foi o desafio preferido da delegação nigeriana: uma das duplas criou uma forma de produzir gás doméstico a partir de lixo orgânico.
Por outro lado, os paqueradores cazaques, sensação das menininhas na feira, focaram seus estudos na matemática. Um trio criou uma nova maneira de calcular a raiz quadrada de qualquer número.
A preocupação com o bem-estar dos portadores de necessidades especiais também permeou muitos dos trabalhos: bengala que vibra ao se aproximar de objetos e urna eletrônica para cegos.
Contratempos do cotidiano nas grandes cidades foram observados e transformados em objeto de estudo por alguns alunos. "Nunca vou esquecer quando meu pai cochilou ao volante", lembra Felipe Thozeski, 18, criador do óculos antissonolência.
Satisfeito com a liberdade de invenção proporcionada pelo evento, Felipe dá a letra: "Isso aqui é, para os espertos, uma grande preparação para o mercado de trabalho".

A jornalista MAYRA MALDJIAN viajou a convite da Mostratec


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