São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

Longe do jogo

Todo o mundo já sabe que os celulares viraram uma nova plataforma para quem gosta de games. Mas há um problema para quem mora no Brasil.
Olhando a lista dos melhores jogos para o iPhone, como Bejeweled, SimCity e Rolando (o jogo mais popular do mundo), nenhum está disponível por aqui. O que parece estranho é ainda mais complicado: praticamente nenhum jogo é vendido no Brasil pela loja da Apple.
Fui procurar explicações e cheguei a duas. A primeira são os direitos autorais. O Brasil acaba ficando fora dos grandes acordos de distribuição. Quem já tentou assistir a alguma coisa pelo pelo Hulu, site muito popular nos EUA, que disponibiliza séries como "Lost" e "The Office", sabe que ele não funciona aqui, já que os direitos autorais só valem para os EUA. Com alguns games, é a mesma coisa.
Mas a razão principal não é essa. É a questão da classificação indicativa, estabelecida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Ela exige que qualquer game comercializado no Brasil seja enviado ao Ministério da Justiça previamente, para ser classificado por idade. E exige que isso seja feito pelo correio.
Hoje existem mais de 13 mil jogos para o iPhone. É impossível que eles passem pela análise do ministério desse jeito. Os poucos jogos que escapam acabam vindo disfarçados em outra categoria, como "entretenimento".
Com isso, a classificação indicativa acaba tendo o efeito indesejado de impedir a chegada de games e também de outros serviços. Lojas como a Netflix ou o iTunes terão de passar pelo mesmo processo quando quiserem vender filmes e séries de TV por aqui.
O mesmo vale para os games da Microsoft Network, do Xbox. Cada conteúdo terá de ser enviado previamente ao ministério para ser classificado. E o resultado não é difícil de prever. Vão preferir partir para outros mercados, com menos burocracia.
É uma pena. O Brasil fica, assim, isolado de novos serviços de conteúdo que estão surgindo, o que acaba favorecendo os canais informais. Não custa nada o Ministério da Justiça, que já fez muito pela internet brasileira, dar um upgrade nesse sistema.


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