|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCUTA AQUI
Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
O rock versus o isolamento brasileiro
Na semana passada, passei uns dias no Acre.
E me lembrei de alguns traumas da minha geração, tipo: nunca vai ter rock decente no Brasil,
somos isolados demais, crescemos ouvindo outro tipo
de música etc.
Tinha um outro negócio também, que sempre me deixou encanado: o ambiente de rock no Brasil é basicamente de classe média/média alta, estéril e sem fibra
-difícil sair rock raçudo desse mundo.
Esse era meu grande problema nos anos 80, a década
em que o rock brasileiro virou mainstream. As cenas roqueiras de Rio e São Paulo eram formadas por filhinhos
de papai que estudaram em colégios "de vanguarda",
que tinham papai com dinheiro para comprar os instrumentos importados (naquele tempo, ainda mais caros
do que hoje). E, até, que tinham papai político para liberar as tranqueiras gringas na alfândega.
O que saía daí era uma música cerebral e sem alma.
Era um bando de hippies de MPB pagando de roqueiros.
Estão aí as carreiras-solo de Arnaldo Antunes e de Nando Reis para não me deixar mentir.
Bom, voltando ao Acre.
De uns tempos para cá, existe uma outra tese: a de que
a internet acabou com o isolamento brasileiro e com o
monopólio dos riquinhos. Até que faz sentido.
Na teoria, qualquer um tem acesso fácil ao que de
mais moderno se faz na música. A bandinha da ilha sul
da Nova Zelândia apavora geral? Em uma googlada dá
para ouvir os caras.
Os instrumentos ficaram mais baratos também. Com
informação na cabeça e ferramentas nas mãos, tanto faz
morar em Los Angeles ou Rio Branco, certo?
Sei lá, não confio tanto assim no poder revolucionário
da internet nem nessa perda de importância da geografia. Enfim, fiquei em Rio Branco e um monte de coisas
me veio à cabeça. Mas acabou o espaço, melhor deixar
para lá.
Texto Anterior: Aos vivos Próximo Texto: Humor: Alan Sieber Índice
|