São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

O rock versus o isolamento brasileiro

Na semana passada, passei uns dias no Acre.
E me lembrei de alguns traumas da minha geração, tipo: nunca vai ter rock decente no Brasil, somos isolados demais, crescemos ouvindo outro tipo de música etc.
Tinha um outro negócio também, que sempre me deixou encanado: o ambiente de rock no Brasil é basicamente de classe média/média alta, estéril e sem fibra -difícil sair rock raçudo desse mundo.
Esse era meu grande problema nos anos 80, a década em que o rock brasileiro virou mainstream. As cenas roqueiras de Rio e São Paulo eram formadas por filhinhos de papai que estudaram em colégios "de vanguarda", que tinham papai com dinheiro para comprar os instrumentos importados (naquele tempo, ainda mais caros do que hoje). E, até, que tinham papai político para liberar as tranqueiras gringas na alfândega.
O que saía daí era uma música cerebral e sem alma. Era um bando de hippies de MPB pagando de roqueiros. Estão aí as carreiras-solo de Arnaldo Antunes e de Nando Reis para não me deixar mentir.
Bom, voltando ao Acre.
De uns tempos para cá, existe uma outra tese: a de que a internet acabou com o isolamento brasileiro e com o monopólio dos riquinhos. Até que faz sentido.
Na teoria, qualquer um tem acesso fácil ao que de mais moderno se faz na música. A bandinha da ilha sul da Nova Zelândia apavora geral? Em uma googlada dá para ouvir os caras.
Os instrumentos ficaram mais baratos também. Com informação na cabeça e ferramentas nas mãos, tanto faz morar em Los Angeles ou Rio Branco, certo?
Sei lá, não confio tanto assim no poder revolucionário da internet nem nessa perda de importância da geografia. Enfim, fiquei em Rio Branco e um monte de coisas me veio à cabeça. Mas acabou o espaço, melhor deixar para lá.


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