São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2000


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Para muitos, ela já estava morta. Mas, como fênix, renasceu das cinzas. Depois de revelar ídolos como Ted Boy Marino, Fantomas e King Kong, ela ressuscitou com força na periferia e no interior de São Paulo
A fantástica volta da luta livre

ANDRÉ BARCINSKI
Editor do Folhateen

Para você, leitor do Folhateen, os nomes Ted Boy Marino, Fantomas e Michel Serdan podem não significar grande coisa. Mas pergunte a seus pais, e a resposta será uma só: esses três -e mais Múmia, Homem-Montanha, Tigre Paraguaio e King Kong- foram grandes ídolos nos anos 70 e 80, revelados pela luta livre.
A luta livre, uma mistura de esporte e espetáculo teatral em que os combatentes se vestem com as roupas mais esquisitas e assumem identidades de super-heróis e monstros, foi um estouro na TV brasileira. E agora, depois de vários anos sumida, está voltando com força na periferia e no interior. "A luta livre vai voltar à TV, e será novamente campeã de audiência", proclama Trovão, o "Motoqueiro do Inferno", presidente da Associação Brasileira de Luta Livre, a Abraluli.
Trovão tem 1,90m de altura, é forte como um touro e tem uma voz que parece o Tim Maia fazendo gargarejo, resultado de uma operação na garganta. Ele faz parte de uma nova geração de lutadores que está tentando reerguer a modalidade. Para isso, conta com o apoio de veteranos de guerra como Michel Serdan, 58 anos, tricampeão brasileiro de luta livre.
A Abraluli está organizando lutas quase todo fim-de-semana, principalmente em cidades do interior de São Paulo. Os combates atraem um público eclético e de idade variada, que vai de quarentões nostálgicos, que acompanham luta livre há muito tempo, a jovens que estão tendo a chance de ver tudo pela primeira vez. "Todo mundo gosta de luta livre", diz Nino Mercouri, o "Herói da Comunidade Italiana", que luta há mais de 30 anos. "É um espetáculo divertido e agitado".
Realmente, quem acha que luta livre é só marmelada precisa ver alguns dos golpes aplicados. É tudo coreografado, lógico, mas o efeito é impressionante. Numa recente luta no Tatuapé, Dom Afonso, o "Caipira Invocado", acertou a cabeça do adversário Flecha Ligeira com uma garrafa de água mineral de 1,5 litro, cheia. O coitado do Flecha caiu desacordado. "Pegou de mau jeito", explicou Dom Afonso. "Era para pegar no ombro, mas ele mexeu e eu acertei no pescoço". Em outra luta, o malvado Satã aplicou uma tesoura voadora no bonzinho Alcaide, o "Ídolo Português", mas o golpe deu errado e o luso bateu com a testa na lona. "Só acordei dentro do Fusca, a caminho do hospital", lembra Alcaide.


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