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Para muitos, ela já estava morta. Mas, como fênix, renasceu das cinzas. Depois de revelar ídolos como Ted Boy Marino, Fantomas e King Kong, ela ressuscitou com força na periferia e no interior de São Paulo
A fantástica volta da luta livre
ANDRÉ BARCINSKI
Editor do Folhateen
Para você, leitor do Folhateen, os
nomes Ted Boy Marino, Fantomas e
Michel Serdan podem não significar
grande coisa. Mas pergunte a seus
pais, e a resposta será uma só: esses
três -e mais Múmia, Homem-Montanha, Tigre Paraguaio e King
Kong- foram grandes ídolos nos
anos 70 e 80, revelados pela luta livre.
A luta livre, uma mistura de esporte
e espetáculo teatral em que os combatentes se vestem com as roupas mais
esquisitas e assumem identidades de
super-heróis e monstros, foi um estouro na TV brasileira. E agora, depois de vários anos sumida, está voltando com força na periferia e no interior. "A luta livre vai voltar à TV, e
será novamente campeã de audiência", proclama Trovão, o "Motoqueiro do Inferno", presidente da Associação Brasileira de Luta Livre, a
Abraluli.
Trovão tem 1,90m de altura, é forte
como um touro e tem uma voz que
parece o Tim Maia fazendo gargarejo,
resultado de uma operação na garganta. Ele faz parte de uma nova geração de lutadores que está tentando
reerguer a modalidade. Para isso,
conta com o apoio de veteranos de
guerra como Michel Serdan, 58 anos,
tricampeão brasileiro de luta livre.
A Abraluli está organizando lutas
quase todo fim-de-semana, principalmente em cidades do interior de
São Paulo. Os combates atraem um
público eclético e de idade variada,
que vai de quarentões nostálgicos,
que acompanham luta livre há muito
tempo, a jovens que estão tendo a
chance de ver tudo pela primeira vez.
"Todo mundo gosta de luta livre", diz
Nino Mercouri, o "Herói da Comunidade Italiana", que luta há mais de 30
anos. "É um espetáculo divertido e
agitado".
Realmente, quem acha que luta livre é só marmelada precisa ver alguns
dos golpes aplicados. É tudo coreografado, lógico, mas o efeito é impressionante. Numa recente luta no Tatuapé, Dom Afonso, o "Caipira Invocado", acertou a cabeça do adversário
Flecha Ligeira com uma garrafa de
água mineral de 1,5 litro, cheia. O coitado do Flecha caiu desacordado.
"Pegou de mau jeito", explicou Dom
Afonso. "Era para pegar no ombro,
mas ele mexeu e eu acertei no pescoço". Em outra luta, o malvado Satã
aplicou uma tesoura voadora no bonzinho Alcaide, o "Ídolo Português",
mas o golpe deu errado e o luso bateu
com a testa na lona. "Só acordei dentro do Fusca, a caminho do hospital",
lembra Alcaide.
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