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"SEXTING"
SMSexo
Celular vira meio de enviar pornografia feita em casa; prática, que já chegou ao Brasil, é problema legal nos EUA
CHICO FELITTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um vídeo "viral" (que se
espalha rapidamente e
sem controle, como um
vírus) de celular com cerca de
cem segundos de duração foi o
assunto do ano entre os 1.400
alunos do Colégio Estadual
Professor Eurico de Figueiredo, na zona norte de São Paulo.
O conteúdo do vídeo é inapropriado para menores de idade, mas ele é protagonizado por
pelo menos dois adolescentes.
Na gravação caseira, uma
aluna de 14 anos do colégio
dança de calcinha e sutiã com
outra garota, que alunos da escola dizem não estudar lá.
Ao som do funk "Vai Sentando", de MC Copinho, a aluna do
primeiro ano do ensino médio e
sua amiga dançam no colo de
um homem nu -com o rosto
sempre fora de quadro.
Um colega de classe da menina do vídeo conta que o "vazamento" rolou em 2 de abril.
Todos os celulares da sala
que estavam com o Bluetooth
(tipo de conexão sem fio) acionado receberam o arquivo, afirma. "Eu não sabia o que era até
abrir", diz, rindo.
Nos dias seguintes à "estreia"
do vídeo viral, colegas fizeram
para a menina cartazes com
frases como "filma comigo!" e
"sou seu fã!", e a chamaram de
"estrela", diz gente do primeiro
e do segundo anos.
Quando o Folhateen esteve
no colégio, cinco pessoas de
classes diferentes mostraram o
vídeo na tela de seus celulares.
Todos disseram não saber de
quem o receberam.
A garota do vídeo não parou
de ir ao colégio. Diz que o assunto "vai morrer" eventualmente e que sua família não
quer entrar na Justiça.
A diretoria do colégio diz ter
feito o que deveria "para garantir o bem-estar" da aluna e que
não é responsável pelo vídeo, já
que ele foi feito além dos muros da escola.
E foi feito também em outras
escolas. A reportagem ouviu
relatos de casos parecidos
(com disseminação de vídeos ou de fotos de garotas nuas) em um colégio particular da capital e em um público
de Mairiporã (SP).
Os ensaios tiveram
inspiração gringa: nos
EUA, o fenômeno se chama "sexting".
Vergonha mortal
"Sexting" é o envio por celular de imagens de si mesmo nu,
seminu ou em ação sexual. A
palavra vem de "sex" mais "texting", verbo para o envio de
SMS (mensagem de texto).
A moda virou questão legal
desde julho de 2008, quando
Jessica Logan, 18, se matou, nos
EUA. Dois meses antes, Jessica
tinha enviado ao namorado
uma foto sem roupas.
A imagem se espalhou pela
escola, a garota foi humilhada e
se enforcou no quarto, contou
sua mãe no programa "Oprah".
Depois de Jessica, centenas
de casos parecidos pipocaram
na Justiça americana.
A lei do país diz que ter esse
tipo de material no celular é
possuir pornografia infantil, se
as pessoas na foto forem menores de 18 anos. Mesmo que as
fotos sejam de si mesmo.
Mas há discussão: um juiz da
Pennsylvania impediu que três
garotas de 13 a 16 anos fossem
processadas pela promotoria
pública por posarem de sutiã
umas para as outras.
Já um grupo de senadores de
Vermont propôs mudar a lei do
Estado. Quer que menores de
idade não sejam julgados pela
lei de pornografia infantil em
casos como esses.
Esses senadores têm apoio
de associações de pais. Em um
manifesto pela distinção entre
delito adulto e delito teen, um
pai diz: "Jovens serão jovens
sempre, com ou sem celular".
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