São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2005

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A melhor notícia do ano

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Dada pelo amigo Lúcio Ribeiro, na Ilustrada, a notícia da vinda do Mercury Rev ao Brasil é sensacional. Segundo o site www.curitibarockfestival.com, o show será no dia 25 de setembro.
O Mercury Rev é uma das bandas mais coesas e inteligentes da atualidade. Daquele tipo raro que sabe de onde vem o tipo de música que faz, e quais os caminhos que o futuro aponta. O som tem a ver com a psicodelia dos Flaming Lips, mas é mais elaborado e menos irônico.
Existem vários tipos de bandas. Aquelas que são melhores ao vivo do que em disco (como o Secret Machines), aquelas que são piores ao vivo do que em disco (como os Strokes e o Belle and Sebastian), as que são exatamente iguais (Radiohead) e aquelas que, no palco, simplesmente se transformam em outra coisa. O Mercury Rev pertence a essa última classe.
Ao vivo, os arranjos orquestrais dos últimos três álbuns ganham novas feições. Não há orquestra e não se usam bases pré-gravadas (pelo menos até onde pude ver, em um show em maio, nos EUA). Bateria e guitarra parecem se desdobrar em dezenas de instrumentos para manter a atmosfera de sonho que caracteriza a banda. Donahue abre os braços, olha para o horizonte (ou o que faz as vezes de horizonte num teatro). O guitarrista Grasshopper é a alma da banda, desempenhando um papel semelhante ao de Jonny Greenwood no Radiohead (neurônios em ação, longe dos holofotes). Junto com o Arcade Fire (que vem para o Tim Festival, em outubro), o Mercury Rev está entre as melhores bandas que vi ao vivo em muitos, muitos anos. Não perca por nada.
 
Quer entender a relação do artista brasileiro com a crítica -o espírito de que tudo é uma ação entre amigos, de que ninguém precisa incomodar ninguém e o que conta é o jogo de bastidores?
Então leia www.trama.com.br/portalv2/noticias/index.jsp?id=17450. É um texto do músico Otto, revoltado contra uma crítica, publicada na Ilustrada, a seu recém-lançado DVD. Lembre-se de que, na sempre rastejante imprensa cultural brasileira, 99% do que se publica sobre esse sujeito é elogioso (quantos desse elogios vêm de gente que realmente ouviu a obra dele é outra história). É bom para entender como o Brasil funciona.

PLAY - Brian Jonestown Massacre
Ironia. No filme "Dig!", o líder do BJM é retratado como um demente irresponsável. Mesmo assim, o filme tirou a banda de um limbo de décadas! Shows lotados.
PAUSE - "The Odditorium", The Dandy Warhols
Aceita-se "pause" preventivo? É que ainda não ouvi o disco todo, mas teme-se que, sem Nick Rhodes na produção, os DW tenham voltado a ser chatos.
EJECT - The Editors
Prepare-se para mais uma banda inglesa dramática, ótima nas melodias... tipo um Coldplay com tinturas "indie". O mundo precisa disso?

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