"Sou gay e não sei como contar para minha mãe. Ela é superpreconceituosa e não tenho idéia de como seria sua reação. O que faço?"

Meu caro, sua dúvida é muito comum entre os adolescentes -e até entre adultos- que têm uma orientação sexual diferente da maioria da população.
Ser diferente não é muito fácil. Você já gostou de um filme que ninguém curtiu? Então, se você consegue mostrar que gostou do filme por esse ou aquele motivo, as pessoas podem até não concordar com você, mas terão que aceitar seu ponto de vista. É importante que idéias e argumentos distintos possam coexistir porque as pessoas são diferentes!
No campo sexual, as coisas são mais complexas. Mas a solução pode ser a proposta acima. A maioria da população é heterossexual -tem atração por pessoas do sexo oposto. Mas existe uma parcela considerável que gosta de gente do mesmo sexo, como no seu caso.
Hoje, de uma maneira geral, as pessoas são mais tranquilas com as diversas orientações sexuais. É uma mudança lenta ocorrida nos últimos 30 anos. Isso não quer dizer que as pessoas não sejam preconceituosas ainda. Rola muito preconceito e dificuldade em tolerar o diferente, mas as coisas são melhores do que já foram.
Muitos jovens têm contado para os pais, desde cedo, qual é a sua preferência. Ninguém melhor que você para avaliar se vale a pena contar para sua mãe. Muita gente defende que isso é uma escolha e não uma obrigação.
Se ela é preconceituosa, é possível que sua reação inicial não seja muito boa. Você deve estar preparado para isso. Mas, em geral, com um pouco de tempo, ela tende a amadurecer essa história e sacar que o que importa é o amor e o carinho entre vocês, e não o que você faz ou deixa de fazer. Gostar de alguém do mesmo sexo não é doença, não é desvio, não é safadeza! É só mais uma forma de descobrir amor e felicidade. E isso sua mãe vai entender, certo?


Jairo Bouer, 35, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br



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