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Gravadoras abrem caminho para rappers
free lance para a Folha
São Paulo acabou de ter um
fim-de-semana dedicado ao hip
hop. O festival Dulôco, que aconteceu no Sesc Itaquera e no Sesc
Belenzinho, não foi só uma oportunidade de conferir feras internacionais, como Grandmaster
Flash e Afrika Bambataa, ao vivo,
mas uma prova de que o movimento vem conquistando seu espaço e o respeito do público.
Antenadas na tendência, as gravadoras Trama e Sony Music
abrem espaço para o rap e outros
ritmos de música black.
A Trama vai lançar o próximo
CD de Thaíde e DJ Hum. O primeiro single deve sair em setembro, pelo selo Brava Gente, comandado pelo próprio DJ Hum.
O selo já lançou a coletânea "Rima Forte", que reúne 11 bandas de
vários lugares de São Paulo (como
Aliados do Gueto, de Guarulhos, e
Mandamentos, de Heliópolis).
Nas lojas desde a semana passada, a coletânea também traz, de
bônus, uma faixa com batidas que
podem ser usadas pelos DJs em
suas próprias músicas. De olho
nas pick-ups, o selo lança uma tiragem da coletânea em vinil.
"Rima Forte é o nome de um
projeto nosso, que tem funcionado como um laboratório de som,
em que a gente troca idéias com
várias pessoas do rap. Essa coletânea é um resumo do material que
eu e o Thaíde recebemos de 96 até
o final do ano passado e mostra 11
maneiras diferentes de fazer rap,
seja nas rimas ou nas batidas", explica DJ Hum.
A Trama já lançou as bandas de
rap Câmbio Negro (de Brasília) e
Da Guedes (de Porto Alegre), pelo
selo Matraca. A gravadora -que
existe há sete meses e, desde o começo, aposta nos rappers por
convicção artística- contratou
também as bandas de rap Camorra, Resumo do Jazz, Potencial 3 e
Criminal D e Gangue de Rua.
"Hoje, o rap divide com a música eletrônica a preferência dos novos artistas, mas sempre esteve
presente na MPB, desde os tempos de Tim Maia. De dez demos
que eu recebo, cinco são de rap e
cinco são de música eletrônica.
Está na hora de as gravadoras refletirem o que acontece nas ruas.
Só em São Paulo, existem 200
bandas de rap", diz João Marcello
Bôscoli, diretor da gravadora.
Na Sony Music, o novo selo dedicado à black music é o Black
Groove, comandado por Paulo
Brandão. O primeiro lançamento
foi o single "Men's", da banda carioca Nocaute (o álbum deve chegar às lojas em setembro).
Outra banda já contratada pelo
Black Groove é o Z'Áfrika Brasil.
O single sai no fim do ano e o álbum está prometido para o ano
que vem, com produção de Théo
Werneck (do programa "H").
Brandão, que é mais conhecido
como Primo Preto, é uma figura
bem conhecida no universo
black: foi apresentador da primeira versão do "Yo!", programa de
rap na MTV. Primo organizava o
Class, um dos mais tradicionais
bailes hip hop de São Paulo.
Para Primo, a abertura de uma
gravadora do porte da Sony para
o rap é uma conquista. "É mais
um espaço para a cultura alternativa. O apoio da Sony significa colocar discos de boa qualidade nas
prateleiras, produzir clipes legais.
As gravadoras estão vendo que
realmente se consome rap, que
esse é o ritmo que movimenta as
pistas de dança atualmente."
Entre os projetos que o selo pretende implantar, está o de ter um
estúdio que funcione como laboratório de som, para que os rappers possam produzir suas próprias batidas. "Essa é uma das
maiores dificuldades de quem faz
rap, montar as bases para as músicas", diz. O laboratório deve estar em funcionamento até o final
deste ano.
(LF)
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