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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
"Coisas Perigosas que Crianças Deveriam Fazer"
Internet consome tempo, especialmente de crianças
e jovens. São muitos os que passam tempo demais
plugados na rede, em sites para crianças como o
Club Penguin, e em redes sociais, jogando "Colheita Feliz", dentre outras coisas. Sem falar nos games em si,
que têm o enorme potencial de ocupar muito tempo.
Um dos problemas é que isso é muitas vezes conveniente para os pais, que preferem deixar os filhos no
mundo virtual, liberando tempo para eles mesmos. O
risco, especialmente para crianças, é desenvolver relações afetivas muito mais com a tela do computador do
que com pessoas reais, criando uma geração bolha. Por
isso, estabelecer limites no uso da rede e dos games para
crianças e teens, sem pânicos, não faz mal nenhum.
Mas tem um outro antídoto ainda melhor. Descobri
recentemente o livro do americano Gever Tully que pode ser traduzido como "50 Coisas Perigosas que as
Crianças Deveriam Fazer". Gever é um engenheiro de
software que criou a Tinkering School, uma escola que
ensina a molecada a não ter medo das coisas, incentivando que desmontem e remontem objetos.
O livro parte do princípio de que o mundo real pode
ser igualmente interessante para a geração digital. E de
que é importante ter experiências que estão sendo frequentemente deixadas de lado quando se passa tempo
demais no mundo virtual. Ele propõe, por exemplo, que
crianças deveriam: brincar com fogo, atirar objetos de
veículos em movimento, subir em árvores, colocar coisas estranhas dentro do microondas, andar sozinhas
pela cidade, usar ferramentas, inclusive facas e canivetes, e, o meu favorito: aprender a dirigir um carro.
Obviamente, ele não ignora os perigos dessas atividades. Mas defende que cada uma desenvolve habilidades
importantes e que todas ensinam ao menos duas lições:
a ter responsabilidades pelos próprios atos e a não tomar as coisas como dadas, como se o mundo fosse algo
imutável ou fora de alcance.
Antes que perguntem, não tenho filhos. Mas, depois
de ver esse livro, a ideia até parece bem mais divertida.
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