São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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EDUCAÇÃO

Leitura obrigatória

Estudantes falam sobre como conciliar seus livros preferidos com os pedidos nos vestibulares

ANA PAULA ANJOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Preparando-se para o vestibular do fim do ano, Júlia Garjulli, 17, coloca prazos para ler certos livros.
"Leio um pouco a cada dia, ou pego um feriado para ler", diz, sobre as obras pedidas pelo concurso da Fuvest. Ler as obras que ela mesma escolhe é mais fácil. "É a mesma coisa que você faz com TV, é para quando tenho tempo livre."
O exemplo de Júlia mostra como conciliar os dois tipos de leituras: as que são feitas por prazer e as "por obrigação".
De um lado, best-sellers com personagens pop. De outro, histórias escritas, geralmente, há mais de cem anos.
Sophia Torres, 17, diz que às vezes dorme lendo esses livros. "Depende da história. Se ela me pegar, eu vou. Se não, fico lutando com o livro", diz a aluna do Bandeirantes, em São Paulo.
Mas por que os vestibulares não colocam livros como "Crepúsculo" em suas listas?

Literatura tem joio e trigo
"É preciso separar o best-seller que você joga num canto depois que leu e aquele que continua para o resto da vida", diz a diretora da Fuvest, Maria Thereza Rocco.
Mas ela revela que o prazer da leitura é levado em conta para montar a lista.
"A gente procura casar o gosto pessoal do aluno com as exigências de uma época na literatura brasileira e portuguesa. Por exemplo, "Memórias de um Sargento de Milícias" é um livro muito querido. Não vamos dar um livro impossível de ser lido", diz Rocco, sobre a lista do concurso que organiza.
De fato, há livros que frequentam as listas de vestibulares e fazem sucesso entre os adolescentes.
"A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós, chamou a atenção de Anna Carolina Paz, 17. "Me diverti lendo. Se já acho irônico no século 21, imagine o pessoal que lia esse livro [na época]", diz a aluna da Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo) sobre a obra de 1901.
Sua colega da Etesp Jordana Löw, 17, foi fisgada por outro clássico: "Dom Casmurro", de Machado de Assis. "Fica sempre aquele ar de mistério. A gente fica elaborando teses. O que teria acontecido se o Bentinho tivesse ido atrás da Capitu?", questiona a estudante.


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