|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Leitura obrigatória
Estudantes falam sobre como
conciliar seus livros preferidos
com os pedidos nos vestibulares
ANA PAULA ANJOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Preparando-se para o vestibular do fim do ano, Júlia Garjulli, 17, coloca
prazos para ler certos livros.
"Leio um pouco a cada dia, ou
pego um feriado para ler", diz,
sobre as obras pedidas pelo
concurso da Fuvest. Ler as
obras que ela mesma escolhe é
mais fácil. "É a mesma coisa
que você faz com TV, é para
quando tenho tempo livre."
O exemplo de Júlia mostra
como conciliar os dois tipos de
leituras: as que são feitas por
prazer e as "por obrigação".
De um lado, best-sellers com
personagens pop. De outro,
histórias escritas, geralmente,
há mais de cem anos.
Sophia Torres, 17, diz que às
vezes dorme lendo esses livros.
"Depende da história. Se ela me
pegar, eu vou. Se não, fico lutando com o livro", diz a aluna
do Bandeirantes, em São Paulo.
Mas por que os vestibulares
não colocam livros como "Crepúsculo" em suas listas?
Literatura tem joio e trigo
"É preciso separar o best-seller que você joga num canto
depois que leu e aquele que
continua para o resto da vida",
diz a diretora da Fuvest, Maria
Thereza Rocco.
Mas ela revela que o prazer
da leitura é levado em conta para montar a lista.
"A gente procura casar o gosto pessoal do aluno com as exigências de uma época na literatura brasileira e portuguesa.
Por exemplo, "Memórias de um
Sargento de Milícias" é um livro
muito querido. Não vamos dar
um livro impossível de ser lido", diz Rocco, sobre a lista do
concurso que organiza.
De fato, há livros que frequentam as listas de vestibulares e fazem sucesso entre os
adolescentes.
"A Cidade e as Serras", de Eça
de Queirós, chamou a atenção
de Anna Carolina Paz, 17. "Me
diverti lendo. Se já acho irônico
no século 21, imagine o pessoal
que lia esse livro [na época]",
diz a aluna da Etesp (Escola
Técnica Estadual de São Paulo)
sobre a obra de 1901.
Sua colega da Etesp Jordana
Löw, 17, foi fisgada por outro
clássico: "Dom Casmurro", de
Machado de Assis. "Fica sempre aquele ar de mistério. A
gente fica elaborando teses. O
que teria acontecido se o Bentinho tivesse ido atrás da Capitu?", questiona a estudante.
Texto Anterior: Monitor Próximo Texto: "Hits" do vestibular Índice
|