|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
eles tecem o futuro
"Não acredito mais em soluções políticas"
A estudante Alice Pinto, 16, envolveu-se em projetos de caráter social "porque é minha responsabilidade e me deixa feliz". Confira sua trajetória e idéias na série de reportagens sobre jovens com experiências solidárias
da Reportagem Local
A estudante do terceiro colegial
Alice Martins Villela Pinto, 16, sentia-se mal com o excesso de consumismo que via na sociedade. "Neste mundo de hoje tudo tem de ter
finalidade, um produto, aí vem
aquela coisa de números; a gente se
preocupa muito com a quantidade, e pouco com a qualidade", diz.
Mas a garota não ficou parada esperando uma solução. Já participa
há três anos do projeto Biblioteca
Viva, iniciativa do Citibank e da
Fundação Abrinq, como mediadora de leitura. Uma vez por semana,
ela visita as instituições onde foram instaladas bibliotecas por
meio do projeto e conta histórias
para os frequentadores de 2 a 14
anos para estimular a leitura.
"Muitas crianças não tiveram como nós, de classe média, incentivo,
uma mãe contando histórias na
hora de dormir, por exemplo." O
objetivo do trabalho é criar um
vínculo entre as crianças e o livro e
desenvolver a linguagem. "No final, há as histórias lidas, as contadas e as vividas", diz ela.
Alice conta que a experiência foi
tão gratificante que "saí atrás de
outras coisas para fazer". Acabou
expandindo o trabalho. Ela vai integrar um projeto conjunto da Prefeitura de São Caetano do Sul, do
Instituto Pólis e da Unicef (Fundo
das Nações Unidas para as Crianças) com os moradores dos arredores do lixão da cidade. São 329
pessoas que vivem como catadores
de lixo, mais da metade é de jovens
e crianças que não têm oportunidade de estudar.
E mais: Alice também promove
saraus em comunidades -da periferia, asilos, creches- "para
criar um marco cultural e incentivar as pessoas do local a se mobilizar e manter o espaço de troca de
poesia, música, pintura, arte em
geral". Ela aproveita para levar tinta, livros e contar suas histórias para as crianças que aparecem por lá.
"Não acredito mais em soluções
políticas para nossos problemas",
diz. Estimular a leitura nas crianças, espaços de troca entre as pessoas nos saraus, "isso me deixa feliz, eu realizo meu sonho de mudar
alguma coisa e me repenso também".
(FÁTIMA GIGLIOTTI)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|