Leis ambientais e terceiro setor são áreas em ascensão e devem ser boas opções de trabalho daqui a cinco anos

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Esqueça o que Hollywood mostrou em "Acima de Qualquer Suspeita", "Tempo de Matar", "Questão de Honra" e outros filmes de tribunal. Direito, a segunda profissão mais procurada em 2004 -segundo o Ministério da Educação, com 590.021 inscritos em vestibulares de todo o país- tem muito pouco do clima romantizado dessas produções americanas.
Quem optar por direito trabalhista ou civil, por exemplo, pode encontrar quadros muito diferentes. "Os filmes de tribunal falam de situações particulares, geralmente sobre a realidade dos EUA, que tem um sistema jurídico diferente do nosso, e ainda por cima é romantizada pelos cineastas", diz o juiz Núncio Theóphilo Neto, diretor da Faculdade de Direito do Mackenzie.
Na realidade, promotores, advogados, juízes, procuradores e delegados passam muito mais tempo dentro de escritórios, estudando códigos e leis ou redigindo processos e contratos, do que promovendo embates calorosos em tribunais. Estudam muito, lêem muito e escrevem muito, para poderem, enfim, fazer o que chamamos de justiça ou legalidade.
Cada país, às vezes cada Estado, tem suas regras próprias, estipuladas em livros bastante difíceis de ler, principalmente para leigos, como os códigos civil, trabalhista e penal e a própria Constituição, a "bíblia" dos advogados. Para quem pensa em seguir a carreira, vale a pena arrumar um jeito de dar uma passada de olhos nessas obras antes de tomar a decisão.
Segundo o presidente da Comissão de Assuntos Institucionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Jarbas Machioni, o direito ambiental e o terceiro setor são áreas em expansão, que devem absorver mais profissionais daqui a cinco anos. "Essas áreas são boas opções de estágio para os estudantes", afirma.
O direito ambiental se ocupa de normas destinadas a impedir a destruição ou a degradação da natureza. Quem resolver trabalhar com o terceiro setor cuidará de alianças entre ONGs e o poder público, além da regulamentação das atividades ligadas a essas ONGs.
Organização, disciplina e boa redação são requisitos essenciais para quem vai trabalhar com direito. "É uma profissão que trabalha com prazos e que exige muita disciplina e estudo. Também exige um bom poder de interpretação, para que se possa empregar corretamente cada código, cada lei", conta o juiz Núncio Theóphilo Neto.
Durante a faculdade, a leitura é indispensável. "Muitas vezes é preciso ler um livro de 400 páginas para cada matéria, por semestre", diz o juiz trabalhista Sérgio Pinto Martins, professor de direito do trabalho da Faculdade de Direito da USP. "Além de tudo, é uma profissão que hoje não dá a mesma segurança que dava antes. Há muita gente no mercado", analisa.


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