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Sexo & Saúde
Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br
Sexo e religião
"Sou protestante e namorei um mês com um rapaz que era
da Igreja Católica. É claro que impus duas condições: sexo
depois do casamento e ele teria que se converter à minha
religião. No início ele topou, mas faz uma semana que ligou
para terminar tudo. Será que é tão difícil assim aceitar
essas duas condições hoje em dia?"
SEM ENTRAR no mérito da discussão religiosa, é importante destacar alguns pontos que podem ter contribuído para o desencontro do casal. Se a garota não parar para
reavaliar sua posição, pode ser difícil estabelecer uma
nova parceria no futuro. Por quê?
Para começar: será que a gente tem mesmo o direito
de impor condições na hora de começar um namoro? Do
tipo: só namoro com você se você fizer exatamente as
coisas que eu quero, acredito e desejo! Esse discurso não
é impositivo demais? A relação começa com cobranças e
exigências que podem ser mais difíceis de lidar do que o
casal imagina. Será que isso garante fôlego para o namoro? Será que a questão do sexo antes ou depois do casamento e a troca de religiões não deveria ser discutida,
em vez de exigida?
Trocar de religião é mais complicado do que um simples desejo da outra parte. Se o garoto foi criado dentro
do catolicismo, seguindo a orientação dos seus pais e da
sua família e, crescendo com essa fé, como será que, de
uma hora para outra, ele vai topar novos costumes, novas regras e uma nova religião?
Mesmo que religião não seja um assunto muito importante na vida dele, será que é tão simples assim dormir católico e acordar protestante? Provavelmente não!
Pelo menos para uma boa parte das pessoas não é assim
que a orientação religiosa funciona.
Sexo (ou a ausência dele) é uma discussão mais delicada do que uma simples condição imposta. Se, por um lado, a maior parte das religiões ocidentais
defende o sexo após o casamento, do ponto
de vista prático não é desse jeito que o jovem se comporta hoje em dia.
Seu ex-namorado pode ter se visto pressionado a aceitar uma decisão que não era
genuinamente dele. Assim, depois de algum tempo de namoro, esse fator pode ter
começado a pesar mais do que ele imaginava.
Certamente, você estava muito mais
confortável do que ele com esse namoro.
Sem sexo, tendo que se converter a uma religião diferente da sua e, pior, sem voz para
discutir, poucos homens topariam esse namoro.
Pense bem! Desse jeito que você está fazendo, sem diálogo e concessões, nem
mesmo dentro da sua religião vai ser muito
fácil achar um namorado. Você não acha?
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