São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Sexo & Saúde

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Sexo e religião

"Sou protestante e namorei um mês com um rapaz que era da Igreja Católica. É claro que impus duas condições: sexo depois do casamento e ele teria que se converter à minha religião. No início ele topou, mas faz uma semana que ligou para terminar tudo. Será que é tão difícil assim aceitar essas duas condições hoje em dia?"

SEM ENTRAR no mérito da discussão religiosa, é importante destacar alguns pontos que podem ter contribuído para o desencontro do casal. Se a garota não parar para reavaliar sua posição, pode ser difícil estabelecer uma nova parceria no futuro. Por quê?
Para começar: será que a gente tem mesmo o direito de impor condições na hora de começar um namoro? Do tipo: só namoro com você se você fizer exatamente as coisas que eu quero, acredito e desejo! Esse discurso não é impositivo demais? A relação começa com cobranças e exigências que podem ser mais difíceis de lidar do que o casal imagina. Será que isso garante fôlego para o namoro? Será que a questão do sexo antes ou depois do casamento e a troca de religiões não deveria ser discutida, em vez de exigida?
Trocar de religião é mais complicado do que um simples desejo da outra parte. Se o garoto foi criado dentro do catolicismo, seguindo a orientação dos seus pais e da sua família e, crescendo com essa fé, como será que, de uma hora para outra, ele vai topar novos costumes, novas regras e uma nova religião?
Mesmo que religião não seja um assunto muito importante na vida dele, será que é tão simples assim dormir católico e acordar protestante? Provavelmente não! Pelo menos para uma boa parte das pessoas não é assim que a orientação religiosa funciona.
Sexo (ou a ausência dele) é uma discussão mais delicada do que uma simples condição imposta. Se, por um lado, a maior parte das religiões ocidentais defende o sexo após o casamento, do ponto de vista prático não é desse jeito que o jovem se comporta hoje em dia.
Seu ex-namorado pode ter se visto pressionado a aceitar uma decisão que não era genuinamente dele. Assim, depois de algum tempo de namoro, esse fator pode ter começado a pesar mais do que ele imaginava.
Certamente, você estava muito mais confortável do que ele com esse namoro. Sem sexo, tendo que se converter a uma religião diferente da sua e, pior, sem voz para discutir, poucos homens topariam esse namoro.
Pense bem! Desse jeito que você está fazendo, sem diálogo e concessões, nem mesmo dentro da sua religião vai ser muito fácil achar um namorado. Você não acha?


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