São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Obama, presidente dos indies... e do Google

BARACK OBAMA fez o discurso da vitória no Grant Park, em Chicago. O festival Lollapalooza também aconteceu ali.
A coincidência não é só de lugar -as platéias pareciam as mesmas. Indies, descolados, minoria de negros, maioria de gente com olhar de fascínio. Saiu Thom Yorke, entrou Obama. Vibe igual.
Só que tem o seguinte: não entre nessa de que Obama é um presidente indie. Candidato indie (ok, mais ou menos) era o Howard Dean, que na eleição passada perdeu a indicação democrata para John Kerry. Dean foi o primeiro a usar, na política, o poder viral da internet. Bombou entre os alternativos, mas, com posições de ultra-esquerda (para os padrões americanos), não foi além disso.
Já o esquema de Obama é profissa. É de dinheiro a rodo, e dinheiro do Vale do Silício.
Já escrevi aqui, vale lembrar: a estratégia da campanha bilionária de Obama, de disseminação e arrecadação pela internet, foi bolada e bombada por gente forte do mundo tech.
Não sei se você se lembra, mas o presidente Clinton tinha uma relação tensa com esse povo, em especial com a Microsoft. Seu governo usou todos os recursos legais para tentar segurar as ambições monopolistas de Bill Gates, num arranca-rabo interminável. Até que chegou George W. Bush e aliviou para Gates.
Só que as "ambições monopolistas" da Microsoft são contos da carochinha, se comparadas à capacidade dominadora do Google.
O Google já sabe mais sobre mim e sobre você do que qualquer KGB, qualquer Stasi sabia sobre seus cidadãos. E, de tão maravilhosamente útil, consegue tudo isso de maneira leve, sob o slogan de "não fazer o mal" ("make no evil").
Com a truculência corporativa de Bill Gates, a Microsoft queria/quer o conteúdo de nossos bolsos. Com a sutileza de seus criadores nerds, o Google quer entrar em nossas mentes (há quem avalie que já entrou).
Obama é o presidente bancado por esses jovens megacapitalistas, que de indie só têm a fachada e os slogans. Vamos ver o que sai daí.


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