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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Obama, presidente dos indies... e do Google
BARACK OBAMA fez o discurso da vitória
no Grant Park, em Chicago. O festival
Lollapalooza também aconteceu ali.
A coincidência não é só de lugar -as platéias
pareciam as mesmas. Indies, descolados, minoria
de negros, maioria de
gente com olhar de fascínio. Saiu Thom Yorke,
entrou Obama. Vibe
igual.
Só que tem o seguinte:
não entre nessa de que
Obama é um presidente
indie. Candidato indie
(ok, mais ou menos) era o
Howard Dean, que na
eleição passada perdeu a
indicação democrata para John Kerry. Dean foi o
primeiro a usar, na política, o poder viral da internet. Bombou entre os alternativos, mas, com posições de ultra-esquerda (para
os padrões americanos), não foi além disso.
Já o esquema de Obama é profissa. É de dinheiro a rodo, e dinheiro do Vale do Silício.
Já escrevi aqui, vale lembrar: a estratégia da campanha bilionária de Obama, de disseminação e arrecadação pela internet, foi bolada e bombada por gente forte
do mundo tech.
Não sei se você se lembra, mas o presidente Clinton tinha uma relação tensa com esse povo, em especial com a
Microsoft. Seu governo usou todos os recursos legais para tentar segurar as ambições monopolistas de Bill Gates, num arranca-rabo interminável. Até que chegou
George W. Bush e aliviou para Gates.
Só que as "ambições monopolistas" da Microsoft são
contos da carochinha, se comparadas à capacidade dominadora do Google.
O Google já sabe mais sobre mim e sobre você do que
qualquer KGB, qualquer Stasi sabia sobre seus cidadãos.
E, de tão maravilhosamente útil, consegue tudo isso de
maneira leve, sob o slogan de "não fazer o mal" ("make
no evil").
Com a truculência corporativa de Bill Gates, a Microsoft queria/quer o conteúdo de nossos bolsos. Com a sutileza de seus criadores nerds, o Google quer entrar em
nossas mentes (há quem avalie que já entrou).
Obama é o presidente bancado por esses jovens megacapitalistas, que de indie só têm a fachada e os slogans.
Vamos ver o que sai daí.
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