|
Texto Anterior | Índice
Escuta aqui
>>Álvaro Pereira Júnior
cby2k@uol.com.br
Em Londres, encarando os novos tempos
ESPALHADOS pela Kensington High
Street, em Londres, dois cartazes chamam minha atenção. Um anuncia o novo single do Maximo Park, "Books from Boxes".
Normal. Já o segundo sinaliza novíssimos tempos. Ele divulga o segundo álbum dos Editors.
Só que não traz a data em que o disco, "An End
Has a Start", chegará às lojas. Anuncia o dia em
que as músicas estarão disponíveis para... download.
O cartaz não tem nenhum endereço de site,
nem explica como esse
download seria feito. É
claro, não é necessário.
Todo mundo sabe usar o
MySpace e consulta a loja
do iTunes para saber dos
lançamentos mais próximos.
Foi muito significativo
que isso acontecesse na
Kensington High Street,
onde, há 21 anos (!), entrei
pela primeira vez numa
loja decente de discos, a
Tower. E nem era aquela
Tower gigantesca, que
anos mais tarde seria
aberta em Picadilly Circus, no coração da cidade.
Era uma Tower modesta,
meio de bairro. Mas que já
era o máximo para mim!
Essa Tower de Kensington fechou faz tempo. Virou uma filial da Virgin,
uma das últimas megalojas de CDs que ainda sobrevivem. Uma filial meio
sem graça, apagada em
meio ao comércio opulento da região.
Algumas coisas, no entanto, não mudam na cidade. Como a oferta fantástica de shows, sete dias por semana, e a
febre doentia da imprensa musical por artistas novos.
O que mudou é meu interesse. Tenho certeza de que a
chance de uma dessas bandas novas ser relevante é de
0,01%. Já não me esforço por aquele ingresso de última
hora daquele artista que nunca ouvi, mas de que falam
bem.
Sei que estou errado. Londres não é para mim. Londres
é da menina de All Star que me pede licença em Grosvenor Sq., apressada, fones brancos nos ouvidos. Deve estar
indo para casa, quer chegar logo ao computador. Para baixar o álbum novo dos Editors, talvez.
CD PLAYER
PLAY: SHOW-SURPRESA
Daqui a algumas horas (escrevo na
quinta-feira), vou a um show fechado
que, espero, será uma experiência
musical inesquecível. Depois eu conto.
PAUSE: LOJAS DE DISCOS
Elas ainda existem, têm seu charme,
mas cada vez mais dão a impressão de
estar deslocadas no tempo.
EJECT: FALTA DE TEMPO
Quase nunca venho a Londres, e é
sempre a trabalho, sem tempo para
nada. Oferta cultural tentadora, mas
fica para a próxima.
Texto Anterior: +CD: "Adestrado", mas latindo alto Índice
|