São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

História mostra que eleição é fundamental para a liberdade

Campanha eleitoral no ar, eleição para prefeito e vereador. Você já providenciou seu título? Está de olho na confusão, pelo menos? Tá tudo parecendo banal e sem sentido?
Mas não é. E o pior é que não tem como demonstrar que não é uma banalidade haver eleição. As evidências apontam o contrário: a gente se esforça, vota nuns caras bacanas e se frustra. O sujeito que parecia que ia resolver acaba se entregando a esquemas medonhos, o vereador que parecia sincero acaba vendendo seu voto.
Mas, comparando períodos históricos, fica fácil ver como é importante haver eleição.
É só olhar para o que aconteceu durante o último- e derradeiro, esperamos- regime militar no Brasil.
Um excelente guia para essa visita ao horror da falta de liberdades mínimas está num livro sensacional, chamado "Cultura em Trânsito -da Repressão à Abertura", que conta com textos de três feras da inteligência nacional de nosso tempo, Elio Gaspari, Zuenir Ventura e Heloísa Buarque de Hollanda. É uma seleção de artigos e entrevistas feitos, na maioria, entre 1971 e 1986 e publicados em vários órgãos de imprensa.
O livro alinha os fatos do momento mediante análises que hoje podem até parecer delirantes, mas refletiam a realidade daqueles tempos em que jornais, livros e canções eram censurados e em que pessoas eram presas e torturadas e mesmo mortas pelo "crime" de pensar e agir contra a brutalidade do regime militar (por sinal, apoiada por muitos que hoje estão aí, concorrendo a cargos eletivos em todo país).
Os títulos dos artigos dão o clima: "Vazio Cultural", "A Falta de Ar", "Patrulhas Ideológicas". Nada parecido com a bendita liberdade dos dias atuais, em que o João Gordo pode dizer seus saudáveis palavrões na TV e Marcelo D2 pode cantar suas preferências.
Há entrevistas sensacionais com caras que ainda estão por aí: Caetano Veloso, Chico Buarque, Ferreira Gullar, Fernando Gabeira, Fernando Henrique Cardoso. Eles queriam tornar o país mais digno. E conseguiram. Não vamos jogar fora tudo isso, certo?
E-mail: fischerl@uol.com.br


Texto Anterior: Vida nos EUA tem tanta riqueza que até enjoa
Próximo Texto: Olimpíadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.