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História mostra que eleição é fundamental para a liberdade
Campanha eleitoral no ar, eleição para prefeito e vereador. Você já providenciou seu título? Está de olho
na confusão, pelo menos? Tá tudo parecendo banal e
sem sentido?
Mas não é. E o pior é que não tem como demonstrar
que não é uma banalidade haver eleição. As evidências
apontam o contrário: a gente se esforça, vota nuns caras
bacanas e se frustra. O sujeito que parecia que ia resolver acaba se entregando a esquemas medonhos, o vereador que parecia sincero acaba vendendo seu voto.
Mas, comparando períodos históricos, fica fácil ver
como é importante haver eleição.
É só olhar para o que aconteceu durante o último- e
derradeiro, esperamos- regime militar no Brasil.
Um excelente guia para essa visita ao horror da falta
de liberdades mínimas está num livro sensacional, chamado "Cultura em Trânsito -da Repressão à Abertura", que conta com textos de três feras da inteligência
nacional de nosso tempo, Elio Gaspari, Zuenir Ventura
e Heloísa Buarque de Hollanda. É uma seleção de artigos e entrevistas feitos, na maioria, entre 1971 e 1986 e
publicados em vários órgãos de imprensa.
O livro alinha os fatos do momento mediante análises
que hoje podem até parecer delirantes, mas refletiam a
realidade daqueles tempos em que jornais, livros e canções eram censurados e em que pessoas eram presas e
torturadas e mesmo mortas pelo "crime" de pensar e
agir contra a brutalidade do regime militar (por sinal,
apoiada por muitos que hoje estão aí, concorrendo a
cargos eletivos em todo país).
Os títulos dos artigos dão o clima: "Vazio Cultural",
"A Falta de Ar", "Patrulhas Ideológicas". Nada parecido
com a bendita liberdade dos dias atuais, em que o João
Gordo pode dizer seus saudáveis palavrões na TV e
Marcelo D2 pode cantar suas preferências.
Há entrevistas sensacionais com caras que ainda estão
por aí: Caetano Veloso, Chico Buarque, Ferreira Gullar,
Fernando Gabeira, Fernando Henrique Cardoso. Eles
queriam tornar o país mais digno. E conseguiram. Não
vamos jogar fora tudo isso, certo?
E-mail: fischerl@uol.com.br
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