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LEI EM CONSTRUÇÃO
"SONHÁVAMOS VER O ECA TOTALMENTE IMPLANTADO NESSES 20 ANOS", DIZ REDATOR
Arquivo da Câmara dos Deputados - 29.set.89
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Crianças e adolescentes foram ao plenário da Câmara em 89 para pedir mais direitos
DE SÃO PAULO
No papel, os direitos das
crianças e dos adolescentes
estão garantidos pelo ECA.
Na prática, poucos jovens sabem como tornar realidade
os artigos do Estatuto.
O Disque 100, para denúncias de violência contra
crianças e adolescentes, registrou 30 mil casos em 2009.
As falhas na aplicação do
ECA incomodam os especialistas que se reuniram há 20
anos para redigi-lo.
Apontado como uma das
leis mais avançadas do mundo na proteção de jovens, o
Estatuto ainda encontra vários obstáculos na hora de
garantir, de fato, tais direitos.
A assistente social Ruth
Pistori, uma das redatoras do
ECA, aponta a falta de normas para eleger os conselheiros tutelares, espécie de
guardiões da lei nas comunidades. "Eles nem sempre são
qualificados para isso", diz.
O educador Antônio Carlos Gomes da Costa, também
redator da lei, ressalta a má
aplicação das medidas socioeducativas. "As internações seguem o modelo repressivo herdado do período
militar", diz. "Sonhávamos
ver o Estatuto totalmente implantado nesses 20 anos."
O sociólogo Benedito dos
Santos, outro redator, vê a
falta de investimentos como
percalço para o sucesso do
ECA. E culpa também as barreiras culturais -por exemplo, garantir que pais não batam nos filhos. "A violência
dentro de casa é o desafio para os próximos dez anos."
Mas a lei é dinâmica,
aponta, e está constantemente sendo reavaliada.
Hoje, tramitam no Senado
146 proposições de alteração
no Estatuto.
(DIOGO BERCITO)
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