São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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COMPORTAMENTO

SEMPRE ALERTA

Em 2010, escotismo comemora cem anos no Brasil; veja o que essa turma faz quando se encontra

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os gritos de "sempre alerta!", os biscoitos vendidos de porta em porta e as velhinhas auxiliadas na travessia de uma rua movimentada. O que mais?
Os escoteiros -que em junho comemoram cem anos de atividades no Brasil- não são um grupo fechado. Mesmo assim, quem não tem amigos ou parentes nessa turma nem sempre sabe o que, afinal, eles fazem quando se reúnem.
Para responder, o Folhateen acompanhou os encontros de dois grupos diferentes de escoteiros em São Paulo. Um no parque da Água Branca, outro em uma escola pública.
As atividades seguem as propostas de Robert Baden-Powell (1857-1941), fundador do movimento escotista (1907). Rolam, em geral, durante os finais de semana, ao ar livre, com brincadeiras e esportes.
Em um dos encontros, por exemplo, após hastearem a bandeira do Brasil, os jovens se engalfinharam em uma "atividade de risco" -tinham de rabiscar os tênis uns dos outros com giz. Vencia o mais limpo.
Na reunião seguinte, debaixo de um sol de 30º C, outros jovens amarraram pedaços de madeira, montaram traves e jogaram handebol na areia.
"Aqui podemos parar de pensar no mundo lá de fora", resume Yuri Golfetti, 16, que trabalha o dia todo como office-boy e estuda à noite. "A ideia é tirar a dependência que temos dos adultos", completa.
Nas reuniões, os escoteiros aprendem de tudo. A dar nó, por exemplo, e também a montar barraca, cozinhar, tratar de ferimentos etc. Fazem cursos, ganham distintivos.
Os aprendizados são necessários na hora de partir para a floresta. "Sem acampamento, não somos escoteiros!", explica Raissa Cardoso, 15. E especifica: "Não é "camping", não. Gostamos de uma coisa radical".
Tipo a que ela enfrentou em Foz do Iguaçu (PR), no acam- pamento nacional dos escoteiros, em 2009. "Teve uma tempestade, as barracas ficaram alagadas, fazia 40º C... Mas me lembrei de que os escoteiros sempre sorriem."

Turma do bem
Mas e as tais boas ações, como ajudar velhinhas a atravessar ruas? "Não é só isso!", alerta André Pereira, 22, escoteiro desde os oito anos e hoje assistente da chefia de uma tropa.
E não existe, também, aquela obrigação de ser o melhor o tempo todo. "Escoteiro vai mal na escola, sai de balada, não está morto", afirma. "Mas tem outra cabeça para lidar com o certo e com o errado."
Há sim, por outro lado, um compromisso de fazer o bem. Para receber o distintivo de "escoteiro da pátria", por exemplo, Isadora Prado, 16, está desenvolvendo um projeto de reciclagem na sua escola.
Já Carolina Lorieri, 18, de olho no mesmo objetivo, quer conscientizar as pessoas a respeito da extinção de animais.


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