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FOLHATEEN EXPLICA
Repressão à oposição choca o mundo e divide artistas e intelectuais
A perseguição política promovida em Cuba por Fidel Castro
Adalberto Roque - 01.mai.03/France Presse
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Fidel Castro discursa contra os EUA na comemoração do Dia do Trabalho, em Cuba |
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
No auge da ofensiva da coalizão anglo-americana contra o regime de Saddam Hussein, outro ditador, o cubano Fidel Castro, viu
uma oportunidade para dar início a uma onda de repressão à oposição. Esta resultou na
prisão de 75 dissidentes e na execução sumária de três homens acusados de sequestrar
uma embarcação para tentar fugir do país.
Além de chocar boa parte do planeta, que
detectou uma tentativa desesperada de manter-se no poder nessas violações aos direitos
humanos, as ações de Fidel confundiram os
estrategistas políticos dos EUA, esvaziaram a
causa dos grupos americanos que lutavam
pela atenuação do embargo que pesa sobre a
ilha e provocaram uma forte controvérsia entre artistas e intelectuais de esquerda, que, tradicionalmente, defendiam o regime cubano.
Até agora, mais de um mês depois das prisões arbitrárias e das execuções sumárias,
Washington ainda não tomou atitudes concretas em relação aos fatos. O problema é que
o governo americano, como a comunidade
cubano-americana de Miami, está dividido
quanto à medida mais apropriada a tomar.
Por um lado, a linha dura defende a aplicação de sanções unilaterais a Cuba ainda mais
severas que as atuais. Por outro lado, os moderados argumentam que essas punições só
afetam a população da ilha, não minando o
poder de Fidel. Eles acreditam que tenha chegado o momento de estimular a oposição interna e de buscar um consenso internacional
sobre as medidas a serem tomadas.
"Pensamos que Cuba está isolada e que [seu
regime" é um anacronismo que será alcançado pela história", afirmou o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, um dos maiores
representantes da ala moderada da administração americana, lembrando que Fidel é o último ditador da América Latina.
Fidel, que chegou ao poder em 1959, afirma
que suas ações são necessárias para combater
uma campanha de desestabilização orquestrada por Washington. Por enquanto, contudo, suas medidas só serviram para dar um banho de água fria nos grupos que lutavam pelo
fim do embargo. Por exemplo, a diretoria da
Cuba Policy Foundation, que fazia lobby no
Congresso dos EUA contra o embargo, renunciou em protesto contra o ditador.
Finalmente, a onda de repressão pôs em pé
de guerra artistas e intelectuais de esquerda.
Nomes de peso, como o Premio Nobel de Literatura de 1998, José Saramago, romperam
com o regime cubano. Outros, como o escritor uruguaio Eduardo Galeano, criticaram
tanto Cuba quanto os EUA. Já o Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Márquez, se
manteve fiel a seu amigo pessoal Fidel Castro.
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