|
Texto Anterior | Índice
ESCUTA AQUI
Alvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Ezequiel, um profeta pré-Ilustrada
É UM CLICHÊ da minha geração: recebemos uma influência muito forte da Ilustrada dos anos 80. Ela nos
botou em sintonia com a
produção pop de vanguarda. OK, verdade. Em parte.
Porque, antes da Ilustrada, houve outra influência
profunda, pelo menos para
quem morava na cidade de
São Paulo: Ezequiel Neves,
o crítico de rock do "Jornal
da Tarde" nos anos 70/80.
Ele morreu na semana passada, aos 74 anos.
Foi um gonzo "avant la
lettre", muito antes que
Hunter Thompson (1937-2005), o inventor do gênero,
ficasse conhecido por aqui.
Eram quase contemporâneos (Zeca nasceu em
1935). Mas duvido que o
brasileiro lesse o americano. Inventou por conta própria um estilo mesclado de
crítica, fato e ficção.
Hoje, no Brasil, qualquer
indie porco de chinelo e
barba se diz gonzo. Mas Zeca era "the real deal", um
mitômano genial.
Os dois primeiros discos
de rock que comprei, "Exile
on Main Street" (Rolling
Stones) e "Aladdin Sane"
(David Bowie), foram por
indicação de Zeca no "JT".
Até hoje detesto bandas
que ele malhava, como o
Uriah Heep. No pós-punk,
era fácil olhar para trás e
ver como era ridículo o rock
progressivo. Mas Zeca fez
isso durante a tempestade
"floydiana". Em plenos
anos 70, apontava o ridículo daquela pretensão toda.
Quando eu era adolescente, meus amigos piravam na
estética brega das capas do
Yes. Meu primo doidão viajava para Maresias (estrada
de terra na época), delirando com Rush. Eu via aquilo
de longe e ria por dentro.
Ezequiel Neves tinha me
mostrado o caminho.
Há cerca de um mês, um
amigo comum me contou
que Zeca estava muito mal.
Há semanas ensaio escrever
sobre ele. Faço isso só agora, com Zeca morto. Pena.
OUÇA ON-LINE
"EST", White Lies
Proteja os pulsos antes ?de dar "play". Darkeira total: is.gd/dkFzY
OUÇA ON-LINE
"Release Me", The Like
O produtor, Mark Ronson, andou pelo Brasil, não? O CD é Jovem Guarda pura: is.gd/dkFnH
DELETE
Letras do While Lies
Se eu fosse o produtor, escondia os vocais. As letras são péssimas, infantis, lotadas de lugares-comuns
Texto Anterior: Londres a passeio Índice
|