São Paulo, segunda, 12 de julho de 1999

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Cega teve matrícula rejeitada várias vezes

da Reportagem Local

Lara de Campos Siaulys, 20, foi recusada em muitas escolas durante sua vida escolar. Cega desde bebê, ela conta que a família teve de lutar muito para conseguir educá-la.
"As escolas nunca diziam não. Mas nos enrolavam, diziam para tentar outro lugar", diz ela. Hoje, Lara faz faculdade de música na Unicamp e trancou a matrícula do curso de letras na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). A estudante toca bateria, piano e violão.
"Existe professor que aponta para a lousa e fala: "Isso mais isso é igual a isso'. Mas isso o quê? Eu não vejo! Aí peço para ele dizer o que está mostrando." Mas nem sempre os professores colaboram. "Muitos dizem: "Que saco', mas não estou nem aí, brigo mesmo. Tenho direito de absorver o mesmo que os outros." Lara diz que, com a ajuda dos professores e de equipamentos básicos, os cegos poderiam estudar em qualquer escola. "Eles só precisam aprender a ler braile na infância, e depois é tudo igual aos alunos comuns."
A estudante reclama da falta de material didático adaptado. "Recursos razoavelmente simples, como uma impressora especial para braile e programas de computador com sintetizadores de voz, ajudam muito a vida de um aluno cego. Tudo é uma questão de a sociedade e as escolas terem vontade de colaborar."



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