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CARTAS
Apoio para novas bandas, Guimarães Rosa, carteirinha da UNE e cigarro estão na ponta da língua dos leitores
Por que ler Rosa
"Parabéns ao Folhateen pela reportagem recente sobre Guimarães Rosa, o maior e mais fascinante escritor da literatura brasileira. Não ouso dizer que a leitura
de uma reportagem como essa
cria repentinamente novos e assíduos leitores porque é aos poucos
que se cria tudo o que é grande,
parafraseando Epíteto. Os mesmos jovens que leram sobre Borges há algum tempo leram sobre
Guimarães mais recentemente e
provavelmente lerão sobre o próximo autor que vocês "prefaciarem'.
Interessante é a maneira como foram apresentados os escritores
aos leitores. Se se mostra um grupo de jovens normais, comuns,
sem o rótulo nonsense de alienados, lendo Guimarães Rosa, desfaz-se a imagem, a "velha velhíssima' imagem de que Guimarães só
é acessível a quem está munido de
martelo e cinzel para penetrar a
linguagem usualmente sertaneja,
o que não é de todo verdadeiro.
De qualquer modo, serve de recompensa aos que se dedicam e
chegam ao final da picada aberta
por entre a linguagem falsamente
hermética, um pensamento tão
claro e tão raro e tão brilhante que
as viagens por entre essas trilhas,
por entre esses sertões "rosianos',
adquirem uma frequência estupenda e tornam-se intrínsecas de
súbito, vitais. Rosa é uma espécie
de entorpecente arrebatador, que
vicia a alma, que se vê obrigada a
visitar e a revisitar escritos, a sair
em cruzada em busca de tudo o
que é simples porque o que é simples, desta vez citando Camus,
nos supera. E, se o pessoal dos
Contadores de Estórias Miguilim
escolheu uma frase de "Grande
Sertão: Veredas', para com ela se
fascinar, eu tomo a liberdade de
escolher um trecho, também genial e deslumbrante, de "Primeiras Estórias': "As nuvens são para
não serem vistas. Mesmo um menino sabe, às vezes, desconfiar do
estreito caminhozinho por onde a
gente tem de ir beirando entre a
paz e a angústia'."
Rafael Eduardo Silva, 16 (via e-mail)
A cena independente
"Meu Deus, demorou mas aconteceu, uma pessoa ligada como
Thales de Menezes conseguiu jogar uma questão no ar sobre as dificuldades de bandas no cenário
musical. Eu ouço Pin Ups, mas cito ainda Garage Fuzz, Holly Tree,
The Maybees, Dominatrix, Dred
Full Days, na qual toco contrabaixo, e Smalls, banda de amigos."
Fabio Araujo Mio (via e-mail)
"Demorou" arrasou
"Olá, pessoal do Folhateen, aqui é
o Christian da banda Randal Grave, quero agradecer pelo "review'
sobre a nossa demo na seção "Demorou'. Graças a ele, recebemos
várias cartas e e-mails, inclusive
dois convites para shows e telefonemas de Belo Horizonte (MG),
Santos e Campinas (SP), Rio de
Janeiro etc., o que nos deu uma
idéia da circulação do jornal.
Muito obrigado à Folha e ao sr.
Ricardo Tibiu. Se toda a mídia
abrisse a cabeça para outros e
mais variados assuntos, talvez o
nível cultural do sofrido povo
brasileiro poderia subir um pouco e não seríamos obrigados a "engolir' a Rede Globo com seu autoritarismo ridículo, colocando ou
tirando do "trono' quem ela quiser, seja na música, na política ou
no esporte."
Chris e Randal Grave (via e-mail)
Abaixo o aumento
"A Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) aumentou o preço das mensalidades em 20%!!!
A mensalidade do curso de comunicação, que eu pagava com muito sacrifício, subiu de R$ 637 para
R$ 770!!! E, para conseguir uma
bolsa de 10% da mensalidade, há
uma burocracia enorme e horário
de atendimento inacessível. Muita
gente vai trancar matrícula, e os
diretores não estão nem aí, eles
alegam que o governo baixou
uma portaria, as fundações vão ter
de pagar imposto e resolveram repassar os custos para os alunos. Já
completei dois anos e vou ter de
parar de estudar. Não se pode aumentar mensalidade de faculdade
enquanto os bancos continuam
sem pagar imposto!!!"
Reinaldo Bassi Sbrissa (via e-mail)
Mais carteirinha
"Sobre a carta de Marcelo Ribeiro,
diretor da UEE, publicada em 5/7,
é absurdo estudantes terem de pagar para provar que o são e serem
obrigados a sustentar entidades
(UEE e UNE). Se elas defendessem os interesses dos estudantes,
brigariam pelo direito à meia-entrada com qualquer documento
de identidade estudantil."
Marcelo Seravali Moreschi (via
e-mail)
Contra o niilismo
"Será que o conceito de rock do
Ultraje a Rigor é o que nos sobrou? É preciso apoiar novas bandas, mas não os continuístas do
desastre punk/heavy metal e derivados. O terceiro milênio é para
quem se liga, entra em sintonia e
cai fora do niilismo baixo astral
dos oitentistas."
Maurício Adriano Carvalho Pinto (via e-mail)
Campanha Folhateen
"Parabenizo o Folhateen pela
campanha antitabagismo! Eu tenho 20 anos, nunca coloquei um
cigarro na boca. Dar o primeiro
trago acaba sendo um momento
decisivo, em que se define uma vida. Aquele americano da edição
passada, no seu leito de morte, vítima de câncer de pulmão, começou a fumar com 14 anos e acabou
como acabou. Hoje, quem fuma
sabe o risco que corre. As pessoas
começam a fumar na adolescência ou juventude. E as indústrias
de cigarro se aproveitam dessa
"ingenuidade' para conseguir cada vez mais adeptos."
Paulo Roberto Menezes, 20
(São Paulo, SP)
Folhateen: al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01202-900. Mande
nome completo, idade, endereço e telefone.
E-mail: Folhateen@uol.com.br
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