São Paulo, segunda, 12 de julho de 1999

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CARTAS

Apoio para novas bandas, Guimarães Rosa, carteirinha da UNE e cigarro estão na ponta da língua dos leitores

Por que ler Rosa
"Parabéns ao Folhateen pela reportagem recente sobre Guimarães Rosa, o maior e mais fascinante escritor da literatura brasileira. Não ouso dizer que a leitura de uma reportagem como essa cria repentinamente novos e assíduos leitores porque é aos poucos que se cria tudo o que é grande, parafraseando Epíteto. Os mesmos jovens que leram sobre Borges há algum tempo leram sobre Guimarães mais recentemente e provavelmente lerão sobre o próximo autor que vocês "prefaciarem'.
Interessante é a maneira como foram apresentados os escritores aos leitores. Se se mostra um grupo de jovens normais, comuns, sem o rótulo nonsense de alienados, lendo Guimarães Rosa, desfaz-se a imagem, a "velha velhíssima' imagem de que Guimarães só é acessível a quem está munido de martelo e cinzel para penetrar a linguagem usualmente sertaneja, o que não é de todo verdadeiro. De qualquer modo, serve de recompensa aos que se dedicam e chegam ao final da picada aberta por entre a linguagem falsamente hermética, um pensamento tão claro e tão raro e tão brilhante que as viagens por entre essas trilhas, por entre esses sertões "rosianos', adquirem uma frequência estupenda e tornam-se intrínsecas de súbito, vitais. Rosa é uma espécie de entorpecente arrebatador, que vicia a alma, que se vê obrigada a visitar e a revisitar escritos, a sair em cruzada em busca de tudo o que é simples porque o que é simples, desta vez citando Camus, nos supera. E, se o pessoal dos Contadores de Estórias Miguilim escolheu uma frase de "Grande Sertão: Veredas', para com ela se fascinar, eu tomo a liberdade de escolher um trecho, também genial e deslumbrante, de "Primeiras Estórias': "As nuvens são para não serem vistas. Mesmo um menino sabe, às vezes, desconfiar do estreito caminhozinho por onde a gente tem de ir beirando entre a paz e a angústia'."
Rafael Eduardo Silva, 16 (via e-mail)

A cena independente
"Meu Deus, demorou mas aconteceu, uma pessoa ligada como Thales de Menezes conseguiu jogar uma questão no ar sobre as dificuldades de bandas no cenário musical. Eu ouço Pin Ups, mas cito ainda Garage Fuzz, Holly Tree, The Maybees, Dominatrix, Dred Full Days, na qual toco contrabaixo, e Smalls, banda de amigos."
Fabio Araujo Mio (via e-mail)

"Demorou" arrasou
"Olá, pessoal do Folhateen, aqui é o Christian da banda Randal Grave, quero agradecer pelo "review' sobre a nossa demo na seção "Demorou'. Graças a ele, recebemos várias cartas e e-mails, inclusive dois convites para shows e telefonemas de Belo Horizonte (MG), Santos e Campinas (SP), Rio de Janeiro etc., o que nos deu uma idéia da circulação do jornal.
Muito obrigado à Folha e ao sr. Ricardo Tibiu. Se toda a mídia abrisse a cabeça para outros e mais variados assuntos, talvez o nível cultural do sofrido povo brasileiro poderia subir um pouco e não seríamos obrigados a "engolir' a Rede Globo com seu autoritarismo ridículo, colocando ou tirando do "trono' quem ela quiser, seja na música, na política ou no esporte."
Chris e Randal Grave (via e-mail)

Abaixo o aumento
"A Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) aumentou o preço das mensalidades em 20%!!!
A mensalidade do curso de comunicação, que eu pagava com muito sacrifício, subiu de R$ 637 para R$ 770!!! E, para conseguir uma bolsa de 10% da mensalidade, há uma burocracia enorme e horário de atendimento inacessível. Muita gente vai trancar matrícula, e os diretores não estão nem aí, eles alegam que o governo baixou uma portaria, as fundações vão ter de pagar imposto e resolveram repassar os custos para os alunos. Já completei dois anos e vou ter de parar de estudar. Não se pode aumentar mensalidade de faculdade enquanto os bancos continuam sem pagar imposto!!!"
Reinaldo Bassi Sbrissa (via e-mail)

Mais carteirinha
"Sobre a carta de Marcelo Ribeiro, diretor da UEE, publicada em 5/7, é absurdo estudantes terem de pagar para provar que o são e serem obrigados a sustentar entidades (UEE e UNE). Se elas defendessem os interesses dos estudantes, brigariam pelo direito à meia-entrada com qualquer documento de identidade estudantil."
Marcelo Seravali Moreschi (via e-mail)

Contra o niilismo
"Será que o conceito de rock do Ultraje a Rigor é o que nos sobrou? É preciso apoiar novas bandas, mas não os continuístas do desastre punk/heavy metal e derivados. O terceiro milênio é para quem se liga, entra em sintonia e cai fora do niilismo baixo astral dos oitentistas."
Maurício Adriano Carvalho Pinto (via e-mail)

Campanha Folhateen
"Parabenizo o Folhateen pela campanha antitabagismo! Eu tenho 20 anos, nunca coloquei um cigarro na boca. Dar o primeiro trago acaba sendo um momento decisivo, em que se define uma vida. Aquele americano da edição passada, no seu leito de morte, vítima de câncer de pulmão, começou a fumar com 14 anos e acabou como acabou. Hoje, quem fuma sabe o risco que corre. As pessoas começam a fumar na adolescência ou juventude. E as indústrias de cigarro se aproveitam dessa "ingenuidade' para conseguir cada vez mais adeptos."
Paulo Roberto Menezes, 20 (São Paulo, SP)


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