São Paulo, segunda, 12 de julho de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

movimento estudantil

UNE elege sua nova diretoria durante as férias escolares

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Na semana passada, início das férias escolares, no 46º Congresso Nacional, realizado em Belo Horizonte, MG, foi eleita a nova diretora da UNE (União Nacional dos Estudantes). A chapa encabeçada por Wadson Ribeiro, 22, que assume o cargo de presidente em agosto, venceu com 1.298 votos, de um total de 2.531 votantes.
É a quinta eleição vencida por uma chapa com apoio do PC do B. Trocando em miúdos, há oito anos, e durante os próximos dois, essa é a tendência política dominante na diretoria da UNE.
Houve suspeita de fraude na eleição. As chapas da oposição, apoiadas pelo PT, PSTU, PSDB e PPS, reclamaram que o número de votos foi maior do que o esperado, mesmo depois de várias caravanas terem retornado aos Estados de origem.
Além de eleger a nova diretoria, os delegados votaram o sistema de eleições, diretas ou indiretas, para 2001. A proposta para diretas perdeu por 416 votos (1.491 contra e 1.075 a favor). Na hipótese contrária, todo universitário teria direito a votar nos candidatos à presidência nas próximas eleições.
Atualmente, os estudantes votam em delegados, escolhidos por curso. Para a oposição, esse sistema permite a manipulação dos delegados, já que o credenciamento é feito pela diretoria.
A nova diretoria está preocupada com a falta de representatividade da UNE entre os estudantes. Wadson Ribeiro, o novo presidente, defende que a entidade passe a lutar também pelo acesso dos estudantes à produção científica e cultural e à prática desportiva. Ele quer somar essas reivindicações aos protestos contra o presidente Fernando Henrique Cardoso, marcados para o segundo semestre.
Do congresso, resultaram outras medidas importantes. Foi vetada a proposta de convênio com o Student Travel Bureau (STB), que fornece a carteira internacional de identificação do estudante (International Student Identity Card/ISIC). Assim, o estudante continua tendo de pagar duas taxas se quiser ter as duas carteiras. A UNE também decidiu não mais indicar representantes para a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), deixando de influir nos pareceres do órgão sobre novos cursos superiores e sobre os já existentes.
Essas duas propostas foram apresentadas pela chapa Mudança, ligada ao PT, que considera a carteira internacional pouco vantajosa para a maioria dos estudantes, que não têm condições de viajar para o exterior, e que a representação no CNE é "apenas fachada" porque depende de aprovação final do presidente da República.
A UNE também foi contrária ao uso da carteirinha no controle de frequência nas salas de aula por meio de códigos de barras no verso do documento, como queriam algumas instituições universitárias, e aos acordos que limitem a concessão de descontos a determinado número de passagens de ônibus.
O provão foi mais uma vez condenado, mas a UNE se comprometeu, com sindicatos do setor de Educação, a elaborar outro tipo de avaliação.


No mês de agosto, volta às aulas, o Folhateen trará reportagem detalhada sobre as propostas da nova diretoria da UNE



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.