São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

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Big Brother verde

DUPLA GANHA REALITY SHOW E RECEBE R$ 500 MIL PARA TOCAR PROJETO DE ENERGIA ALTERNATIVA

BRUNO MOLINERO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto tem gente que faz xixi no banho e vira vegetariano para salvar o mundo, Ana Carolina Felix, 21, e Lucas Smith, 21, resolveram usar o que aprenderam na faculdade de biotecnologia.
Eles ganharam R$ 500 mil para desenvolver um projeto que usa plástico reciclado em geradores de energia eólica. Não pense que os dois são uns ecochatos de galocha. "Antes, eu jogava papelzinho na rua, por exemplo. Depois do reality show, comecei a me preocupar mais", conta Ana.
Pois é, para levar a bolada, eles tiveram que participar de um "Big Brother" rural, que terminou no início do mês no Multishow, o "Impacto Zero SWU", patrocinado pelo festival. Mas, ao contrário de "A Fazenda", a preocupação com a natureza era real. "Um dos principais momentos foi quando fizemos um minhocário em 28 minutos", diz Lucas. Aos menos engajados: minhocário é uma caixa com minhocas que transforma lixo orgânico em adubo.
Para vencer, o importante não era ter o melhor projeto. Os 20 competidores, de dez universidades, tiveram de tomar banho frio, usar banheiro seco (sem descarga, pois não usa água), e acampar no mato, ao estilo "No Limite". Formigas chegaram a comer o forro da barraca da dupla e um teco do tênis de Lucas. "Mas para a Ana que foi difícil. Não tinha creme, xampu."
O projeto vencedor não foi elaborado só pelos dois, mas por 20 alunos da Universidade Federal de Alfenas (MG). Mas só a dupla foi escolhida para botar a cara na TV.
Agora, os alunos e o professor responsável terão nove meses usar o dinheiro para construir o protótipo de gerador eólico. A questão é que ninguém sabe se dará certo.
Isso porque eles não chegaram a construir um. "Não sabemos se será tão resistente quanto o de metal. Mas a expectativa é que seja mais econômico e tão eficiente quanto", explica Ana.
Enquanto aguardam o resultado, os dois juram que farão um minhocário em casa, vão diminuir o consumo de carne e economizar energia. Só falta o xixi no banho.

A IDEIA DE MEIO MILHÃO

Nada de metal. As pás do moinho de energia eólica são feitas de garrafa PET

Além de ecológico, o processo é economicamente viável. O custo final é menor do que o de metal. Com isso, a equipe espera estimular o uso da energia eólica e diminuir o acúmulo de lixo

1 Tudo começa com um mutirão: eles recolhem os chamados termoplásticos, como garrafas PET, tubos de PVC e outros materiais

2 Depois, esse plástico é derretido e colocado em forma de pá. Quando esfriar, "voilà": está pronta para o uso

3 Com os R$ 500 mil, eles têm nove meses para fazer um protótipo do moinho. Se funcionar (e sobrar dinheiro), serão espalhados moinhos pela área rural de Alfenas (MG)


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