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POLÍTICA
Os caçulas da política
Mais jovem no parlamento do Japão, Zenko Kurishita, 26, diz que política pode ser "cool"
RAUL JUSTE LORES
EM TÓQUIO
Aos 26 anos, Zenko Kurishita foi eleito o mais
jovem deputado da história da Assembleia de Tóquio,
no final de agosto.
Assim, virou um cabo eleitoral de prestígio do primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, recém-empossado.
Em um país onde os premiês
e ministros costumam ter mais
de 65 anos (o "jovem" Hatoyama tem 62), Kurishita fez sucesso na campanha do PDJ
(Partido Democrata do Japão),
que venceu a eleição.
Boa pinta, o colecionador de
mangás (seus favoritos são
"Dragon Ball" e "Naruto") tem
blog, sai à noite e bebe. "Beber
não é proibido."
"Ser político também pode
ser "cool'", diz à Folha, no escritório emprestado de seu pai,
que não é político.
No Japão, só se pode votar a
partir dos 20 anos, e o voto é
optativo. Até 2007, apenas
40% dos menores de 30 anos
votavam. No mês passado, quase 60% foram às urnas.
O partido de Kurishita transformou em prioridade a atração de jovens para a política
-60% dos candidatos do PDJ a
deputado na última eleição tinham menos de 50 anos (garotos, considerando o cenário da
política local).
"A juventude japonesa é
muito desesperançada, acha
que o país está andando para
trás, enquanto a China cresce
sem parar", diz Kurishita, que
tinha sete anos de idade quando a estagnação econômica dos
últimos 19 anos começou. Mal
se lembra da época em que o
Japão parecia destinado a destronar os EUA como potência.
O jovem deputado, que estudou nos Estados Unidos, derrotou um oponente de 70 anos
no pleito deste ano, pelo distrito de Chiyoda, em Tóquio. Mas
nem sempre gostou de política.
"Era igualzinho a meus amigos, não acreditava na política,
achava que os políticos eram
responsáveis pela decadência
do Japão", diz.
O índice de natalidade no Japão é o mais baixo do mundo e
o número de casamentos não
para de cair. "As pessoas não se
casam porque temem o futuro,
estão inseguras", conta.
Kurishita ainda não tem filhos, mas se casou aos 23 anos.
"Muita gente acha a juventude
japonesa amalucada, mas, por
baixo dos cabelos coloridos, somos normais."
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