|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Do futebol para as passarelas da moda
Rapaz saiu do interior da Bahia e foi desfilar em Milão
AUGUSTO PINHEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
De Barreiras, no interior da Bahia,
onde nasceu, o ex-jogador de futebol Jackson Miguel Sachser, 19,
foi parar nas passarelas de Milão,
na Itália: ele desfilou para a estilista
alemã Jil Sander em julho.
"Foi tudo muito rápido, nem
imaginava que isso fosse acontecer", lembra o rapaz. "Fiz um curso
de modelo na minha cidade e, logo
depois, um desfile em um evento de
Goiânia, onde fui convidado para
vir para São Paulo como parte do
casting da agência Next."
Com algumas polaroids enviadas
para Nova York, foi escolhido para
o desfile de Jil Sander. "Foi um susto. A minha primeira viagem internacional. Quando voltei ao Brasil,
fiz seis desfiles na São Paulo Fashion Week", conta. Entre eles, Alexandre Herchcovitch, Ellus,
Zoomp e Fause Haten.
Jackson também foi fotografado
para o catálogo dessas duas últimas
marcas e teria feito outros desfiles
internacionais que foram cancelados depois do atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos.
O moço, que tem 1,88 m e se encaixa no novo padrão para os modelos homens -esguio e não tão
bombado-, confessa que teve um
pouco de medo no início.
"É meio difícil. Sair de uma cidade do interior para uma cidade desse tamanho", enfatiza, referindo-se
a São Paulo. "Quando vim me apresentar na Next, meu pai veio comigo. Minha família me apoiou desde
o início", conta o filho de paranaenses (um agricultor e uma esteticista) e neto de alemães.
Já os colegas de futebol, no início,
pegaram no pé de Jackson. "Ficavam dizendo que era coisa de veado", lembra, rindo. Mas, após as
primeiras aparições do moço na
TV, os preconceitos foram se dissipando. "Hoje, eles me dão apoio. E,
quando vou a minha cidade, bato
uma bola para matar a saudade."
Todo o dinheiro que ganha, Jackson coloca na poupança, "para garantir o futuro". Em São Paulo, divide um apartamento com mais quatro modelos -dois garotos e duas
garotas. "É uma experiência nova,
ter de cozinhar e dividir o espaço."
O objetivo dele agora é, a exemplo
das tops brasileiras, ganhar mais
projeção no exterior. "Sou um cara
bem tranquilo. Não deixei o sucesso
subir à cabeça."
Texto Anterior: Destaques - festival Próximo Texto: Escuta aqui - Álvaro Pereira Júnior: O novo rock americano entre o lamento e a revolta Índice
|