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POTTERMANIA
As vozes dos bruxos
Eles assistem aos filmes de Harry Potter antes de todo mundo e ainda por cima recebem para fazer isso; conheça os dubladores do protagonista da série e de seus companheiros Rony e Hermione
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LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Caio César Melo, Charles Emmanoel e
Luisa Palomanes realizam o sonho
de muitos adolescentes. Além de assistir às aventuras de Harry Potter e sua trupe muito antes de os filmes estrearem no
mundo, eles ainda vivem as peripécias dos
bruxinhos aprendizes.
Dubladores profissionais e experientes,
apesar da pouca idade (os meninos têm 17
e Luisa, 19), eles fazem as vozes respectivamente de Harry Potter, Ron Weasley e Hermione Granger, em todos os filmes.
No próximo dia 23 o DVD do último longa, "Harry Potter e o Cálice de Fogo", chega
às lojas, e o público brasileiro poderá conferir novamente o trabalho do trio.
Mesmo atuando atrás das câmeras e tendo seus nomes veiculados apenas no final
dos créditos rapidamente, os dubladores
têm de lidar com o assédio do público.
Eles já participaram de encontros de fãs,
onde deram palestra, autógrafos e até tiraram fotos. "Eles querem saber mais sobre a
gente, perguntam como é fazer a dublagem. Eu até fiquei amigo de alguns pelo
MSN", conta Charles.
"Dizem que eu tenho muita sorte de viver
o Harry Potter, mas eu digo que eu não sou
o Harry, só a minha voz", completa Caio
César, que não se considera tão tímido e introvertido quanto o bruxinho.
Já Luisa teve até de sair do site de relacionamentos Orkut por conta do assédio exagerado dos fãs. "Acho legal quando admiram o trabalho, mas não gosto de invasão de privacidade", diz a dubladora.
Além dos pottermaníacos, há também o assédio dos amigos. Luisa precisa driblar a curiosidade da turma,
que costuma perguntar o que vai
acontecer com os personagens nos
próximos livros ou como será o
próximo filme. "Não tenho a menor idéia. Pego o script com as minhas falas na hora."
Surpresa
Hoje eles são provavelmente os brasileiros que têm mais intimidade com os personagens da série, mas, há cinco anos, antes
de o primeiro filme ter sido lançado, nunca
tinham ouvido falar de Harry Potter.
"Eu achei que seria um filme infantil normal, não sabia do sucesso", diz Luisa, que, até hoje, não leu nenhum livro de J.K. Rowling. Ela só se deu conta da mania em torno da série quando o filme estreou e as filas
dos cinemas ficavam lotadas de crianças
usando fantasias das personagens.
Caio e Charles também não conheciam a
série antes de serem convocados para os
testes, mas leram o primeiro livro, "Harry
Potter e a Pedra Filosofal", quando começaram o trabalho.
O processo de trabalho de dublagem do
longa é rápido para os garotos. Cada dublador grava separadamente suas falas.
Caio, que tem o maior número de falas, demora dois dias para concluir
sua parte, dedicando seis horas por
dia ao trabalho.
O primeiro passo é assistir à cena em inglês, prestando atenção
na interpretação do ator, entonação e emoção.
Em seguida, assistem novamente à cena, ensaiando a fala em
português. Depois, assistem pela
terceira vez, gravando o texto.
Mas as cenas difíceis podem ser
repetidas várias vezes, até o resultado ficar bom. "No segundo filme, há algumas cenas em que o
Harry fala uma língua de cobra. Fiz
o mais próximo do original, imitando o que o Daniel Radcliffe falava. Tive de ver várias vezes até conseguir", conta Caio.
Entre tantas aventuras vividas pela
trupe de Hogwarts, o quadribol é o mais
invejado pelos dubladores. "Sempre bate
uma vontade de saber como seria", diz
Caio. Até Luisa tem curiosidade. "Queria
voar na vassoura e jogar suspensa no ar",
afirma.
Com tanto tempo de "convivência", (o
primeiro filme é de 2001), eles sentem falta
dos personagens na entressafra de lançamentos. "Acabei me apegando. Estou doido para chegar o quinto filme", explica
Caio.
"É bom porque a Hermione cresce comigo, a gente tem o temperamento parecido", diz Luisa.
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