São Paulo, segunda-feira, 13 de abril de 2009

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saúde

Um médico para chamar de seu

Conheça o hebiatra, especialista nas mudanças emocionais e físicas que surgem durante a adolescência

JOÃO PAULO GONDIM
RODRIGO RUSSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando vai à médica, Alef de Jesus, 15, não fala apenas de problemas de saúde. "Batemos altos papos sobre escola, família e minha vida pessoal", diz o estudante. Sua confidente, Geni Worcman Beznos, 58, é uma hebiatra.
"Hebi o quê?", você deve estar se perguntando. Hebiatra. Vem de Hebe, não a "gracinha" da TV, mas a deusa grega da juventude. Lembra do pediatra, o médico das crianças? Pois é, o hebiatra é o passo seguinte.
É o médico que cuida das questões ligadas à adolescência, tanto as físicas quanto as emocionais. E, se você não conhecia essa especialidade, fique tranquilo, você não é o único.
O médico Alberto Mainieri, 49, diz que muitos pacientes vão ao seu consultório por indicação de colegas sem saber o que é hebiatria. "Muitas vezes ouvi frases como: "Doutor, você cuida mesmo de quê?"."
Área de atuação pouco conhecida, a medicina do adolescente fez 35 anos no país com números modestos. Segundo a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), apenas 244 médicos no Brasil detêm o título de especialista em hebiatria -no Estado de São Paulo, são só 42.

"Minha vida melhorou"
Um ponto positivo da hebiatria é sua visão mais global do paciente, não pensando só em doenças. Mainieri, por exemplo, optou por essa área ainda na faculdade, ao cuidar de uma menina que era diabética e frequentemente era internada.
O problema só foi resolvido quando entendeu que a doença também prejudicava a parte emocional da garota: "A partir dali, entendi que a medicina é bem mais do que fazer diagnósticos e prescrever medicação".
Assim como Alef, a estudante Isabella Bilton, 15, vê em seu médico, Maurício Lima, um amigo: "Minha vida melhorou depois que o conheci".
A mãe, Graciella Jubilut, 35, vê Lima como mais do que um simples médico, pois ele acompanha sua filha em relação a assuntos do cotidiano, inclusive na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo os médicos, as principais dúvidas estão ligadas às mudanças corporais e à sexualidade (veja no quadro ao lado).
Para Ricardo Feijó, 47, médico de adolescentes do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, todas as queixas de seus pacientes têm uma pergunta em comum: "Eu sou normal?".

A sós com o médico
Uma das grandes diferenças em relação à pediatria é que o adolescente pode ficar a sós com o médico. Isso o deixa à vontade para conversar sobre família, sexo, drogas, escola, esporte e alimentação.
"É fundamental o jovem saber que tem direito ao sigilo, à intimidade", diz Williams Ramos, 36, presidente da Asbra (Associação Brasileira de Adolescência).
Para evitar que a timidez e a vergonha atrapalhem a relação com o médico, é recomendável que o jovem vá ao hebiatra ao menos uma vez por ano.
Maurício Lima diz que "a partir do estabelecimento de um vínculo com o médico, questões como sexo e vergonha do corpo surgem de maneira mais tranquila".


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