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saúde
Um médico para chamar de seu
Conheça o hebiatra, especialista nas mudanças emocionais e físicas que surgem durante a adolescência
JOÃO PAULO GONDIM
RODRIGO RUSSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando vai à médica,
Alef de Jesus, 15,
não fala apenas de
problemas de saúde. "Batemos altos
papos sobre escola,
família e minha vida pessoal",
diz o estudante. Sua confidente, Geni Worcman Beznos, 58, é
uma hebiatra.
"Hebi o quê?", você deve estar se perguntando. Hebiatra.
Vem de Hebe, não a "gracinha"
da TV, mas a deusa grega da juventude. Lembra do pediatra, o
médico das crianças? Pois é, o
hebiatra é o passo seguinte.
É o médico que cuida das
questões ligadas à adolescência, tanto as físicas quanto as
emocionais. E, se você não conhecia essa especialidade, fique
tranquilo, você não é o único.
O médico Alberto Mainieri,
49, diz que muitos pacientes
vão ao seu consultório por indicação de colegas sem saber o
que é hebiatria. "Muitas vezes
ouvi frases como: "Doutor, você
cuida mesmo de quê?"."
Área de atuação pouco conhecida, a medicina do adolescente fez 35 anos no país com
números modestos. Segundo a
SBP (Sociedade Brasileira de
Pediatria), apenas 244 médicos
no Brasil detêm o título de especialista em hebiatria -no Estado de São Paulo, são só 42.
"Minha vida melhorou"
Um ponto positivo da hebiatria é sua visão mais global do
paciente, não pensando só em
doenças. Mainieri, por exemplo, optou por essa área ainda
na faculdade, ao cuidar de uma
menina que era diabética e frequentemente era internada.
O problema só foi resolvido
quando entendeu que a doença
também prejudicava a parte
emocional da garota: "A partir
dali, entendi que a medicina é
bem mais do que fazer diagnósticos e prescrever medicação".
Assim como Alef, a estudante
Isabella Bilton, 15, vê em seu
médico, Maurício Lima, um
amigo: "Minha vida melhorou
depois que o conheci".
A mãe, Graciella Jubilut, 35,
vê Lima como mais do que um
simples médico, pois ele acompanha sua filha em relação a assuntos do cotidiano, inclusive
na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo os médicos, as principais dúvidas estão ligadas às
mudanças corporais e à sexualidade (veja no quadro ao lado).
Para Ricardo Feijó, 47, médico de adolescentes do Hospital
das Clínicas de Porto Alegre,
todas as queixas de seus pacientes têm uma pergunta em
comum: "Eu sou normal?".
A sós com o médico
Uma das grandes diferenças
em relação à pediatria é que o
adolescente pode ficar a sós
com o médico. Isso o deixa à
vontade para conversar sobre
família, sexo, drogas, escola, esporte e alimentação.
"É fundamental o jovem saber que tem direito ao sigilo, à
intimidade", diz Williams Ramos, 36, presidente da Asbra
(Associação Brasileira de Adolescência).
Para evitar que a timidez e a
vergonha atrapalhem a relação
com o médico, é recomendável
que o jovem vá ao hebiatra ao
menos uma vez por ano.
Maurício Lima diz que "a
partir do estabelecimento de
um vínculo com o médico,
questões como sexo e vergonha
do corpo surgem de maneira
mais tranquila".
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