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música
Banda Casaca usa tradição capixaba para fazer todo mundo pular
O congo pop não poupa ninguém
GUILHERME WERNECK
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
Com a bênção do Espírito Santo, a cultura
capixaba vive um momento único de redescoberta e de valorização de suas tradições.
No epicentro desse movimento está a banda
Casaca, que mistura o congo tradicional com
um pop influenciado pelo rock e pelo reggae.
O congo é um ritmo brasileiro com influência africana, bastante similar ao congo de Moçambique, que existe também no Nordeste e
em outras regiões do Sudeste.
"O congo daqui é diferente porque é marcado pela casaca, uma espécie de reco-reco com
uma cabeça de madeira em cima", diz o guitarrista Jura Fernandes, 32. "Há um monte de
histórias interessantes sobre o congo, que
funcionava como um jornal para as comunidades negras. No fim do dia, os escravos tocavam e contavam histórias. A casaca também
era usada por eles para fazer vodu. Os negros
esculpiam a cabeça do senhor-de-engenho.
Ao tocar, eles estariam esganando o dono e
raspando suas costelas com um pau."
Sem precisar de vodu, o Casaca se tornou
um fenômeno local e tem tudo para estourar
no restante do Brasil. Seu primeiro disco, independente, vendeu 60 mil cópias e é um dos
alvos preferidos dos piratas locais. Quando o
CD já tinha vendido 40 mil cópias, a Sony
contratou a banda e relançou o disco, remasterizado, com uma faixa a mais. Um CD da
banda com músicas inéditas sai no dia 25/5.
Com letras fáceis e contagiantes, alicerçadas
por toda a força rítmica do congo, o Casaca é
uma daquelas bandas que produzem hits instantâneos, populares, que grudam no ouvido.
O engraçado é que a banda que carrega o estandarte da música capixaba tem como cabeças dois irmãos paulistas, o guitarrista Jura e o
vocalista Renato Casanova, 29.
Os dois dizem que foram adotados por Vitória. "Viemos passar o Réveillon e ficamos.
Eu me envolvi com esse Estado, que me acolheu de uma maneira perfeita. Passei a levantar a bandeira do Espírito Santo", diz Renato.
Essa história de amor com o congo nasceu
quando os dois passaram a morar na Barra
do Jucu, bairro de Vila Velha, na Grande Vitória. Eles montaram um grupo com garotos
que haviam tocado na Banda de Congo Mirim, que reúne crianças e adolescentes para
manter vivo o congo tradicional.
Para o Casaca, o que fica dessa tradição é o
fato de a banda também falar do que acontece
no cotidiano. "Fazemos música sobre a nossa
vida, sobre esse lugar [a Barra do Jucu", sobre
ecologia...", diz Jura.
Deu certo, e a explosão de música local pode
ser ouvida nas rádios. Das dez mais pedidas
da rádio Litoral, uma das emissoras populares
de Vitória, três faixas são de bandas locais:
Casaca, Macucos e Manimal.
De perto, essa cena capixaba impressiona.
Assisti a um show para 35 mil pessoas. Tocavam Macucos, Casaca, Skank e O Rappa.
Quando os Macucos entraram no palco, já havia uma multidão para assistir ao show. Na
vez do Casaca, essa multidão enlouqueceu.
Todo mundo pulava e cantava com a banda. O resultado poderá ser visto no clipe de
"Anjo Samile", que estava sendo gravado
naquele dia. O público ficou para ver as supostas atrações principais. Mas, naquela
noite, ninguém empolgou mais que o Casaca. "Nós cansamos a galera". Assim Jura
justifica o fato de ninguém ter mostrado a
mesma energia nos outros shows.
O jornalista viajou a convite da Sony Music
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