São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

Super Mario sem Mario (gente legal, parte 1)

Andy Warhol ficou famoso por se apropriar de elementos da cultura pop, como imagens de Marilyn Monroe, Elvis e latas de sopa Campbell's. Mas, e se ele estivesse vivo hoje, em tempos de internet e de cultura digital, o que ele usaria? Uma possível resposta a essa pergunta é o trabalho do artista Cory Arcangel, que usa videogames como matéria-prima para suas obras.
Cory tem 31 anos e vive em Nova York. Ele conseguiu um fato raro: tornou-se conhecido não só entre os "geeks", mas também no conservador mundo das artes, ainda muito preso a pintura, a escultura e a outros suportes físicos. Para isso, seguiu um caminho diferente.
Uma de suas obras mais conhecidas chama-se "Super Mario Clouds" (nuvens Super Mario). A ideia é de uma simplicidade franciscana: ele pegou o cartucho do jogo "Super Mario Bros." e apagou tudo, menos as nuvens. Em vez do jogo, aparecem só nuvenzinhas passando lentamente pela tela. Falando assim pode parecer bobo, mas vale conferir o resultado (http://migre.me/3i1C). Há um estranhamento ao revelar camadas em que muitas vezes nem prestamos atenção dentro do jogo, e que, isoladas, adquirem outro significado -como um pintor que ressalta um aspecto menos óbvio de uma paisagem.
É legal ver que as obras dele são exibidas tanto em galerias, museus, bienais e outros lugares físicos tradicionais quanto (e principalmente!) na internet. E nem por isso perdem seu valor. Na verdade, é o contrário disso. Cory fez sucesso primeiro na rede e continua a publicar tudo o que faz on-line (vale a pena dar uma olhada nas outras obras dele no YouTube).
Minha única crítica é que o trabalho dele se baseia principalmente em jogos da década de 80. Qualquer artista que trabalha com tecnologias obsoletas (hoje consideradas "vintage") é, por natureza, mais careta, já que o tempo cria uma "rede de segurança" e reduz os riscos.
Quero ver fazer o mesmo com jogos novíssimos, que não foram ainda sacramentados como "cool" pela passagem do tempo. Que tal trabalhar com "Dead Space", "Mirror's Edge", "Rock Band" ou mesmo o "Wii Fit", para começar, que são parte da nossa cultura pop do aqui e agora? Fica o desafio.


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