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GAME ON
O importante é ter inimigos
ANDRÉ VAISMAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Joguei por alguns dias o game "Freedom Fighters", lançamento da competente Electronic Arts para PC, e criado
pelos responsáveis por "Hitman 2". Um
ponto me chamou a atenção: o inimigo.
Soviéticos! Os comunistas se deram bem
e invadiram Nova York!
Além desse jogo, outros me vieram à
cabeça: "Command & Conquer - Generals" e "Return to Castle Wolfenstein".
No primeiro, temos comunistas frios,
meio bobos, brutamontes, capazes de
executar tarefas militares com precisão,
alto poder de fogo e profissionalismo. Os
árabes são fracos e retratados como um
povo preguiçoso e resmungão. Em
"Wolfenstein", os alemães nazistas praticam magia negra e invocam demônios.
O que aconteceu há quase 60 anos, por
mais atroz e estúpido que tenha sido na
realidade, surge como fantasia.
Calma, não tenho nenhuma teoria da
conspiração, acredito no humor mesmo
em jogos de guerra, acho bacana derrubar um helicóptero e sei que a maioria
das empresas, dos criadores e do povo
que desenvolve esses jogos são norte-americanos, e é mais do que evidente que
os EUA serão sempre privilegiados.
No fundo, tanto faz se o inimigo nasceu
aqui ou lá, se é desse ou daquele partido
ou se vira só uma fantasia chifruda. O
importante é ter inimigos.
Mas, que seria bacana ter a opção de
conhecer melhor a história do que está
sendo representado e, quem sabe, escolher a causa pela qual morrer, isso seria.
Colaborou Fabio Silva
gameon@folha.com.br
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