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esporte
"Tentei pegar nuvens com minhas mãos"
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Era outubro de 2006 e
eu estava na cidade
australiana de Byron
Bay, lar de ripongos e viajantes do mundo todo. Às
9h, o ônibus me levou ao
centro de pára-quedismo.
Confesso que, mais do que
animação, estava sentindo
os efeitos de uma noitada
com meus companheiros de
albergue.
Nada mais merecido, já
que passar o aniversário do
outro lado do mundo, longe
dos amigos, não é fácil. Por
isso, os 450 dólares australianos (cerca de R$ 700) que
gastei na ocasião me pareceram justificáveis. Afinal,
seriam quase 4.300 metros
de queda livre olhando para
o mar do meu país favorito.
Subimos no avião, que parecia feito de papel, empurrado pelo vento. A adrenalina foi aumentando e, àquela altura, pular já me parecia
mais seguro do que ficar naquele brinquedinho.
Fui a primeira a saltar e,
sim, conseguimos dar duas
piruetas no ar.
É muito frio lá em cima e
a velocidade é tanta que fica
difícil respirar. Mesmo gritando com todas as forças, a
voz não sai. É inacreditável
passar pelo meio das nuvens. Me lembro de tentar
pegá-las com as mãos quando o pára-quedas abriu.
Subimos feito ioiô e tudo
ficou calmo e pequenininho. As casas, os carros e as
pessoas pareciam peças de
Lego. Era como sobrevoar
uma foto de satélite do Google. Surreal e lindo.
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