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CARNAVAL
Jovem ajuda Império da Casa Verde a conquistar o título do Carnaval paulistano
Do palco à avenida
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste ano, Francisco de Assis Angelo
Júnior, 18, completou dez Carnavais. A comemoração foi em grande estilo: como campeão pela Império da
Casa Verde, que conquistou o título paulistano. Do primeiro desfile, que viu com o
avô da arquibancada, ao último, em que
comandou 85 pessoas em três carros alegóricos, muita coisa aconteceu: a principal
delas foi o seu envolvimento com o teatro.
"Foi tudo muito inusitado. Mas, desde o
primeiro desfile que vi, algo me contaminou pelo resto da vida", diz Francisco, mais
conhecido como Chico, que também é diretor de um grupo de teatro, do qual participa desde os 12 anos.
No ano passado, depois de vencer um festival de teatro estudantil, o seu grupo foi
convidado pela escola Leandro de Itaquera
para desfilar no carro abre-alas, em homenagem a "Macunaíma", do escritor modernista Mário de Andrade. O tema do samba-enredo era "No Palco da Cultura, que Artista Sou Eu?".
"Meu sonho era unir teatro e Carnaval",
conta. Além de realizá-lo, o desfile serviu de
vitrine para que fosse convidado pela Império da Casa Verde.
Além de desenvolver 12 coreografias teatralizadas para o abre-alas, o terceiro e o último carro alegórico da escola, Chico influenciou na criação das fantasias, para que
elas não atrapalhassem os movimentos. Os
ensaios começaram em abril.
Das 85 pessoas que ensaiou, com idades
de 11 a 73 anos, 15 eram deficientes auditivos. Para facilitar a comunicação, todos
aprenderam Libras (Língua Brasileira de
Sinais). Chico teve a idéia de convidar um
amigo deficiente auditivo por causa do nome provisório de uma ala, "As Pedras que
as Vozes Calaram", que depois acabou recebendo outro nome. "Foi muito emocionante quando o vi chegando na avenida."
Chico ainda desfilou no Rio de Janeiro,
pela Grande Rio. "São dois eventos grandiosos, mas em São Paulo há mais participação das comunidades, e no Rio há mais
turista. Por eu ser paulistano, o Carnaval de
São Paulo foi muito mais especial."
Ele diz que tem um gosto musical eclético, que vai do forró ao tecno. "Mas a minha
balada preferida é mesmo ir a uma quadra
de escola de samba. Minha última namorada até me largou por causa disso."
O futuro de Chico ainda está meio indefinido -não passou no vestibular para artes
cênicas e está pensando em procurar um
emprego. Mas ele já tem uma certeza: quer
continuar no Carnaval e no seu grupo de
teatro. "O ano começa agora para mim."
Para ele e para metade do Brasil.
(ALESSANDRA KORMANN)
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