São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

Jovem ajuda Império da Casa Verde a conquistar o título do Carnaval paulistano

Do palco à avenida

DA REPORTAGEM LOCAL

Neste ano, Francisco de Assis Angelo Júnior, 18, completou dez Carnavais. A comemoração foi em grande estilo: como campeão pela Império da Casa Verde, que conquistou o título paulistano. Do primeiro desfile, que viu com o avô da arquibancada, ao último, em que comandou 85 pessoas em três carros alegóricos, muita coisa aconteceu: a principal delas foi o seu envolvimento com o teatro.
"Foi tudo muito inusitado. Mas, desde o primeiro desfile que vi, algo me contaminou pelo resto da vida", diz Francisco, mais conhecido como Chico, que também é diretor de um grupo de teatro, do qual participa desde os 12 anos.
No ano passado, depois de vencer um festival de teatro estudantil, o seu grupo foi convidado pela escola Leandro de Itaquera para desfilar no carro abre-alas, em homenagem a "Macunaíma", do escritor modernista Mário de Andrade. O tema do samba-enredo era "No Palco da Cultura, que Artista Sou Eu?".
"Meu sonho era unir teatro e Carnaval", conta. Além de realizá-lo, o desfile serviu de vitrine para que fosse convidado pela Império da Casa Verde.
Além de desenvolver 12 coreografias teatralizadas para o abre-alas, o terceiro e o último carro alegórico da escola, Chico influenciou na criação das fantasias, para que elas não atrapalhassem os movimentos. Os ensaios começaram em abril.
Das 85 pessoas que ensaiou, com idades de 11 a 73 anos, 15 eram deficientes auditivos. Para facilitar a comunicação, todos aprenderam Libras (Língua Brasileira de Sinais). Chico teve a idéia de convidar um amigo deficiente auditivo por causa do nome provisório de uma ala, "As Pedras que as Vozes Calaram", que depois acabou recebendo outro nome. "Foi muito emocionante quando o vi chegando na avenida."
Chico ainda desfilou no Rio de Janeiro, pela Grande Rio. "São dois eventos grandiosos, mas em São Paulo há mais participação das comunidades, e no Rio há mais turista. Por eu ser paulistano, o Carnaval de São Paulo foi muito mais especial."
Ele diz que tem um gosto musical eclético, que vai do forró ao tecno. "Mas a minha balada preferida é mesmo ir a uma quadra de escola de samba. Minha última namorada até me largou por causa disso."
O futuro de Chico ainda está meio indefinido -não passou no vestibular para artes cênicas e está pensando em procurar um emprego. Mas ele já tem uma certeza: quer continuar no Carnaval e no seu grupo de teatro. "O ano começa agora para mim." Para ele e para metade do Brasil.
(ALESSANDRA KORMANN)

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