São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com

Visto como "nicho", game é cultura

O EVENTO pop do mês é a chegada de "Dead Space 2", o violentíssimo game de ficção científica da EA.
É tão violento que toda a campanha de marketing foi baseada no conceito de "sua mãe odeia isso" (yourmomhatesthis.com), com vídeos hilários de mães indignadas ao ver seus filhos jogando (bit.ly/hWJ9qg).
Apesar do marketing "polêmico", "Dead Space 2" é um jogaço. Está à altura das grandes obras do gênero em qualquer mídia.
O personagem principal, Isaac Clark, é um engenheiro que cai no meio de uma nave infestada por criaturas bizarras (a história é de Warren Ellis, grande autor de ficção cientifica). No segundo episódio, ele acorda novamente no meio do horror, mas já sabe o que vai encontrar pela frente.
O jogo tem sido comparado aos filmes da série "Alien", com um diferencial: Isaac tem transtornos psíquicos. Por isso, é um narrador não confiável.
Esse recurso narrativo, bem utilizado pelo game, aparece em filmes como "O Inquilino" (Polanski), "Solaris" (Tarkovski) ou o recente "Cisne Negro".
A tensão aumenta ao não sabermos direito se o que é vivenciado pelo personagem é realidade ou delírio.
Por isso, não me assusta o jogo aparecer na capa do caderno de cultura do "New York Times" (a Folha falou dele no caderno Tec).
Os suplementos de cultura enxergam games como fenômeno de "nicho". Não se impressionam nem com a popularidade traduzida em números: "Dead Space 2" vendeu 2 milhões de cópias na primeira semana.
Mas não tem problema. Muitos jogadores preferem que os "críticos" fiquem mesmo longe dos games. Dizem que, quando uma arte ganha "respeitabilidade", corre o risco de ficar engessada, elitista ou perder público (como aconteceu com a ópera). Respeito isso.
Só que marginalizar os games é perder uma boa oportunidade de conectar gerações diferentes e discutir os limites da cultura.

Já era
Vazamento de informações só pela mídia tradicional

Já é
Vazamento de informações pelo WikiLeaks

Já vem
Vazamento de informações pelo OpenLeaks.org, concorrente esperto do WikiLeaks

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