São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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República da revolução

APARTAMENTO REÚNE JOVENS EM GUERRILHA VIRTUAL DE PROTESTOS NO EGITO

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

É difícil ouvir o que a estudante Hana El Rakhawi, 18, fala ao telefone. Os barulhos que vêm pela janela atrapalham a conversa. São os ruídos da revolução em curso.
A garota morou por uma semana na praça Tahrir, endereço dos protestos que exigiam que Hosni Mubarak deixasse o poder no Egito.
Ela viveu no apê de seis cômodos com outros 12 jovens egípcios. Alguns dormiam no chão. Juntos, eles postaram notícias no Facebook sobre as manifestações.
"A educação no Egito é muito ruim, eu não aprendi nada na escola. Estava fula com isso", Hana justifica.
"Também fico indignada com as péssimas condições econômicas do país."
Além de registrar os protestos na internet, a garota desceu à praça para distribuir sopa aos manifestantes.
"Foi uma experiência incrível", conta. "Senti orgulho do que estávamos fazendo."
Para Hana, a internet ajudou o Egito a seguir o exemplo da Tunísia -que derrubou seu ditador em janeiro.
A rede, diz, é ferramenta para mobilizar os jovens que não conhecem a realidade do próprio país. "Há adolescentes que ficam o dia todo no Facebook. Eles não sabem o que está acontecendo aqui."
Hana chegou ao apartamento por acidente. Ela estava passando com sua mãe pela praça quando ouviu tiros. Assustadas, as duas subiram. Ficaram por lá.
Amor Eletrebi, 22, também foi parar na república por acaso. Estava na rua, olhou para cima e viu a galera na sacada. Pediu para subir.
"Às vezes pensamos que corremos perigo, mas temos de seguir em frente!", diz.
"É claro que meus pais estão irritados, minha mãe fez o que pôde para eu não vir."
A Folha falou com Amor minutos após o anúncio da renúncia de Mubarak. "Isso é o que queríamos! É perfeito!", diz. "Todos estão gritando "Liberdade!" nas ruas."


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