São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 2005

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TATUAGEM

Festival reúne aficionados pela body art , entre eles gente adepta da escarificação, processo em que se criam cicatrizes em forma de desenhos como estrelas e teias de aranha

Arte na pele

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pessoas coloridas, com vários desenhos sobre a pele, roupas pretas, música eletrônica, rock e rap. Foi esse ambiente que as estudantes Nayana Soffiato, 16, e Thaís Terume, 16, encontraram no 2º São Paulo Tattoo Festival, que aconteceu de sexta a domingo na Estação Ferrovia, no bairro da Mooca.
As amigas, que nunca tinham visitado uma feira desse tipo, foram atraídas pelas tatuagens, pelos piercings e pelas bandas que tocariam no evento. As duas já colocaram piercings no nariz e Soffiato teve também um no septo. "Eu perdi o meu e não tive coragem de furar de novo porque é uma dor muito intensa", disse.
As duas gostam de desenhos na pele, mas ainda não decidiram como querem os seus. "Devo fazer uma coisa simples: uma estrela, um dadinho, uma libélula. Penso também em criar um desenho para ninguém ter igual", disse Terume.
Segundo a body piercing Alessandra Priscila de Albuquerque Barros, 24, que trabalha com o marido tatuador em São Bernardo do Campo, os desenhos menores são ainda os mais pedidos. "Comercialmente, borboleta e fada são as melhores tatuagens", disse ela, que tem um piercing em cada bochecha, formando covinhas.
As estudantes aproveitaram a visita para olhar os 80 estandes do festival, observaram outras pessoas sendo tatuadas e viram modelos de jóias para usar como piercing. Havia tatuadores de vários Estados do país e do exterior no local. "Muitas pessoas têm preconceito contra pessoas tatuadas e eventos como este. Mas eu acho isso uma grande besteira", afirmou Terume.

Cicatriz
Os mais sensíveis poderiam passar mal com algumas imagens do festival. Uma pessoa sendo suspendida por ganchos presos à pele, mostrada pela televisão de um estande da feira, era de impressionar. Mas os mais habituados com o mundo das tattoos e da body art não sentem aflição.
A body piercing Graziela Ribeiro, 28, tem bastante vontade de se submeter à suspensão. "Acho muito legal. E não se pode usar nenhum tipo de anestesia porque a intenção é você ter consciência do que está fazendo com seu corpo", afirmou.
Seu namorado, André Beck, 33, que é tatuador, fez uma escarificação em sua mão esquerda. "É um processo africano que corta a pele com bisturi para deixar a marca na pele", disse Ribeiro. O resultado final é uma teia de aranha em alto-relevo. Segundo ela, demorou um ano e meio para a forma ficar como ela queria.
"Os negros formam quelóide mais rápido. A gente cobre com barro para subir bem a pele", disse Beck. Ele afirmou que não é comum ter muitos interessados no processo, mas já fez um par de estrelas com a escarificação, uma em cada ombro, por exemplo. "O que dá mais certo são desenhos geométricos ou estrelas, luas e letras."


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