São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2007

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Livro da semana

O chileno Roberto Bolaño, que morreu em 2003, deixou uma obra muito consistente, que a cada ano que passa vai adquirindo status de clássico contemporâneo, pois injetou vida nova em um dos gêneros mais batidos da literatura: o romance policial. Esse é o caso de sua primeira obra, "A Pista de Gelo" (Companhia das Letras, 198 págs., R$ 37), de 1993, que tem uma clara influência de "O Jogo da Amarelinha", do argentino Julio Cortázar.
Como em toda narrativa desse tipo, também há aqui um cadáver e um assassino que é preciso descobrir. Mas o que torna o livro bem interessante é que os acontecimentos que irão levar ao assassinato, ocorrido em um balneário perto de Barcelona, são contados do ponto de vista de três pessoas distintas: um poeta mexicano vigia de um camping, um chileno suspeito de narcotráfico e um administrador público temido na cidade.
Assim, enquanto vamos tentando juntar as informações e montar o quebra-cabeça da história da morte, mergulhamos no mundo de frustrações, temores e incertezas existenciais dos três personagens. Na grande ficção policial, os vivos sempre despertam mais interesse que o mortos.


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