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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
Livro digital
enfrenta dilema
UM GRUPO de editoras
anunciou há alguns dias
uma associação para dar
início à distribuição de livros digitais no Brasil.
Diferentemente das gravadoras, que demoraram
para entrar no ramo digital
e abriram espaço para piratas, as editoras não querem
perder tempo. Estão certas.
Ainda mais com o lançamento do iPad e do Kindle.
No entanto, há um duplo
dilema no horizonte.
O primeiro é a questão do
preço dos livros digitais.
Imagine que você compra a
cópia física de "Leite Derramado", do Chico Buarque.
O preço é R$ 39. Se você não
gostar, dá para vendê-lo
talvez por R$ 15 ou R$ 20.
Agora imagine que você
compra a versão eletrônica
do livro, que custa R$ 29.
Se você não gostar dele,
vai ser praticamente impossível vendê-lo. Não há mercado secundário para livros
digitais. Eles perdem praticamente todo o valor quando são adquiridos.
Isso acontece porque
eles estão mais para software do que para livro físico. Mas a questão é econômica. O custo de uma cópia
adicional de um livro digital
é zero. Com isso, o seu preço
final também tende a zero.
Por essa razão, as editoras vão precisar pensar
com cautela como definir os
preços dos livros digitais.
Se forem altos demais,
abre-se espaço para a pirataria. Se baixos demais,
põem risco o negócio. É um
dilema tão duro quanto ser
ou não ser.
Há também uma disputa
entre padrões técnicos, entre o Kindle e a loja da Apple. Dependendo do vencedor, as editoras podem ficar
reféns de uma plataforma.
É ruim para elas e para o
consumidor, tanto pela menor concorrência quanto por
possíveis exageros, como a
impossibilidade de fazer cópias de segurança ou de extrair trechos do livro.
Se forem severas demais,
penalizam quem paga pelo
original e levam à pirataria.
Some-se a isso o fato de
que o tamanho de um livro
digital chega a ser inferior a
um megabyte, e temos mais
um dilema à vista.
Deve haver muita gente
com saudades de 1998.
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