Revelação do tênis, Tiago Fernandes diz levar vida "anormal", sem festas ou namoradas

DO ENVIADO A CAMBORIÚ (SC)

No dia 29 de janeiro, Tiago Fernandes completou 17 anos. No dia seguinte, venceu o Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam juvenil do Brasil. Belo presente de aniversário.
Um dia depois da vitória, de manhã, nada de comemorar: ele já estava treinando de novo. Treinar, viajar, competir e, de vez em quando, ir à escola "para relaxar". Essa tem sido a rotina de Tiago desde que saiu da casa dos pais, em Maceió, aos 14 anos, para treinar com Larri Passos, ex-técnico de Gustavo Kuerten, seu ídolo.
Ele conversou com o Folhateen no dia em que viajou para o Brasil Open, torneio profissional. Lá, foi eliminado na primeira partida, no "qualifying". "Vida de tenista é assim, altos e baixos. Tenho que continuar trabalhando."
(TARSO ARAUJO)

 

FOLHA - A confiança aumentou com o título?
TIAGO FERNANDES - Ganhar alguns torneios sempre motiva. E ganhar um Grand Slam juvenil era meu objetivo a curto prazo. O próximo é ganhar mais um dos outros três que vou disputar neste ano.

FOLHA - Quanto tempo você viaja por ano?
TIAGO - No ano passado, viajei 35 semanas [o ano tem 52]. Foi o auge, porque o Larri queria que eu me pegasse o ritmo.

FOLHA - E como é na escola? Você só faz as provas?
TIAGO - É complicado. Quando volto, estudo bastante. Os colegas perguntam: "E aí, veio visitar a gente?".

FOLHA - Como é a relação com escola e colegas de turma?
TIAGO - Gosto bastante desse negócio de escola, porque sempre tira a cabeça do foco no tênis. Passo 35 semanas só vendo tênis. Aí, quando vou à escola, é o momento de relaxar. Aproveito para estudar e ter uma vida um pouco normal.

FOLHA - Sua vida é anormal?
TIAGO - Uma pessoa de 17 anos faz muita coisa que eu não faço.

FOLHA - Por exemplo?
TIAGO - Festa. Namorada... Namorada, sem chance.

FOLHA - Você já namorou?
TIAGO - Com uma menina lá em Maceió, por dois meses. Quando penso no que [os colegas] estão fazendo agora, queria estar fazendo... Mas minha cabeça está na coisa que mais amo, que é o tênis. Você tem de estar feliz e com amor pelo que está fazendo. Se você está treinando no sábado de manhã, pensando que deveria ter ido à festa na sexta à noite, complica.

FOLHA - É um sacrifício, então?
TIAGO - Não, é uma coisa que me dá alegria, uma opção que fiz. Não fico preocupado. Isso já é uma profissão para mim. A vida de um atleta termina um pouco mais cedo, mas começa um pouco mais cedo também.

FOLHA - Você não namorou muito ainda, mas faltam pretendentes?
TIAGO - Acho que não... Aí você me botou na fogueira (risos).

FOLHA - Não rolam nem uns beijos na boca?
TIAGO - Beijo na boca tem que rolar, né, véio? Senão...

FOLHA - Aí ela quer compromisso...
TIAGO - Ela pergunta: "Você vai voltar quando?". Quando respondo que vou ficar dois meses na Europa, aí é pé na bunda. Não tem como ter namorada. Larri diz que só quando estiver no entre os 50 do mundo posso levar namorada para torneio.

FOLHA - Mas depois vêm umas capas da "Playboy", né?
TIAGO - Opa! Umas bem famosas... (risadas)

FOLHA - Até que ponto está disposto a ir para ser campeão?
TIAGO - Sangrar na quadra faz parte da nossa rotina. Todo dia tem que estar 100%. Sigo aquela frase: "Quanto mais se sangra no treino, menos vamos sofrer na batalha".


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