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FOLHATEEN EXPLICA
Imagens do Telescópio Hubble revelam como era o cosmos "jovem"
O passado nada careta do Universo
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Universo costumasse ser vítima das revistas de fofoca, a essa altura já estaria na
boca do povo. O Telescópio Espacial Hubble,
o maior dos paparazzi em matérias astronômicas, revelou na semana passada uma imagem chocante do passado do cosmos. Ao que
tudo indica, ele era bem menos careta quando
tinha apenas 400 milhões de anos de idade.
Hoje em dia um típico conservador, o Universo parece fabricar grandes galáxias principalmente em dois sabores: espirais e elipses. A
Via Láctea mesmo, onde estão localizados o
Sol e seus planetas, é uma espiral, como muitas outras espalhadas espaço afora.
No entanto, um quadro diferente surgiu na
nova imagem do Hubble. Ela revela uma época em que o cosmos ainda dava seus primeiros passos de aprendiz na fabricação de modelos galácticos. Vêem-se objetos de todos os
formatos e tamanhos. "Acredita-se que esses
objetos tenham no final se chocado para produzir as espirais e elipses que vemos hoje", diz
Laerte Sodré Júnior, pesquisador do Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, comentando as revelações.
O telescópio espacial passou vários meses
observando uma região diminuta do céu -
com menos de um décimo do diâmetro aparente da Lua- para fazer a tal fotografia, batizada com o nome de "Campo Ultraprofundo
do Hubble". Na imagem, os astrônomos estimam que sejam visíveis nada menos que 10
mil galáxias, todas da época em que o cosmos
tinha de 400 milhões a 700 milhões de anos.
O Universo tem cerca de 13,7 bilhões de
anos. Se fosse hoje um homem aos 70, a imagem mostraria suas traquinagens de quando
ele tinha apenas de 2 a 4 anos de idade. Antes
do Hubble, ninguém havia enxergado uma
época tão remota da infância cósmica.
O segredo que permite aos astrônomos ver
o passado é simplesmente olhar para longe.
Esse truque não funciona com os fotógrafos
de revistas de fofoca, mas faz maravilhas pelo
Hubble, que costuma obter imagens dos longínquos rincões do espaço. Isso porque a luz
viaja a uma velocidade fixa de 300 mil quilômetros por segundo. Quanto mais distantes
estão sendo gerados os raios luminosos, mais
tempo levam para chegar até o espelho do
Hubble, localizado nas imediações da Terra.
Ao observar objetos localizados a bilhões de
anos-luz daqui (um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros), o telescópio está vendo
os raios de luz que foram emitidos de lá bilhões de anos atrás. Com isso, os cientistas podem perscrutar o passado do Universo, verificando se nossas idéias sobre sua origem estão
corretas e entendendo como ele se tornou o
que é hoje e o que ele deverá ser no futuro.
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