São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

Bem na fita

Gravar uma fitinha para alguém já foi muito importante. Selecionar as músicas, ficar esperando (e ouvindo) cada uma ser gravada, decorar a capinha... Os anos 80 e mesmo boa parte dos 90 não seriam os mesmos sem isso.
Mas o que aconteceu com o cassete? Morreu? Não. Vem surgindo há alguns anos, bem devagar, um renascimento da fita como objeto de culto. Depois de um tempo em baixa, virou uma mídia "cool".
A lógica é a seguinte: muita gente cansada da cultura do iPod e do MP3 acaba indo atrás de formatos retrô, buscando outras sonoridades.
Nessa onda, estão surgindo minigravadoras e selos especializados em lançar música exclusivamente em fita. As edições em geral são limitadas e cada tape é tratada como uma pequena obra de arte.
Essa é uma onda que acho simpática. Primeiro porque a fita traz de volta elementos esquecidos. Ouvir uma música depois da outra, na ordem. A divisão entre lado A e lado B, criando espaços separados. O barulhinho de fundo sempre presente (aquele "tsssss").
Há até artistas novos, como Ariel Pink (que adoro!), que reproduz nas suas músicas o som do cassete, manipulando todas as gravações em fita antes de soltá-las em CD. Com isso, ficam atemporais. Parecem ter sido feitas em qualquer momento dos últimos 50 anos.
E vale lembrar que, na verdade, a fita nunca morreu. Em vários países (da Índia ao Senegal, passando pela Bolívia) ela continua a ser uma maneira importante de distribuir música, atendendo a um mercado gigante.
Já fico pensando em uma experiência legal. Ouvir, de um lado, uma fita cult dessa novíssima geração que voltou e, de outro, uma da geração que nunca foi embora.
É quase como pressionar play em sentidos diferentes do mundo.


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