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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
Bem na fita
Gravar uma fitinha para alguém já foi muito importante. Selecionar as músicas, ficar esperando (e
ouvindo) cada uma ser gravada, decorar a capinha... Os anos 80 e mesmo boa parte dos 90 não seriam
os mesmos sem isso.
Mas o que aconteceu com o cassete? Morreu? Não.
Vem surgindo há alguns anos, bem devagar, um renascimento da fita como objeto de culto. Depois de um tempo
em baixa, virou uma mídia "cool".
A lógica é a seguinte: muita gente cansada da cultura
do iPod e do MP3 acaba indo atrás de formatos retrô,
buscando outras sonoridades.
Nessa onda, estão surgindo minigravadoras e selos especializados em lançar música exclusivamente em fita.
As edições em geral são limitadas e cada tape é tratada
como uma pequena obra de arte.
Essa é uma onda que acho simpática. Primeiro porque
a fita traz de volta elementos esquecidos. Ouvir uma
música depois da outra, na ordem. A divisão entre lado A
e lado B, criando espaços separados. O barulhinho de
fundo sempre presente (aquele "tsssss").
Há até artistas novos, como Ariel Pink (que adoro!),
que reproduz nas suas músicas o som do cassete, manipulando todas as gravações em fita antes de soltá-las em
CD. Com isso, ficam atemporais. Parecem ter sido feitas
em qualquer momento dos últimos 50 anos.
E vale lembrar que, na verdade, a fita nunca morreu.
Em vários países (da Índia ao Senegal, passando pela
Bolívia) ela continua a ser uma maneira importante de
distribuir música, atendendo a um mercado gigante.
Já fico pensando em uma experiência legal. Ouvir, de
um lado, uma fita cult dessa novíssima geração que voltou e, de outro, uma da geração que nunca foi embora.
É quase como pressionar play em sentidos diferentes
do mundo.
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