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ESPORTES
O Brasil é campeão mundial de arremesso de aviões de papel, se você acha isso pouco, veja que outras maluquices as pessoas estão praticando
Chutes, saltos, vôos
JULIANA LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Você tenta fazer esportes, mas quase
nenhum é do seu agrado. Na escola, nunca foi campeão em nada. E
você nem é uma pessoa preguiçosa. Já parou para pensar que, de repente, você se
atrai por atividades incomuns? Subir pelas
paredes, dobrar papel, jogar um futebol diferente e até participar de campeonatos de
joquempô, vale tudo para quem quer fugir
de atividades esportivas convencionais.
No começo do mês, por exemplo, o paulistano Diniz Nunes, 24, conquistou para o
Brasil o título de campeão mundial na categoria tempo de vôo no campeonato mundial de aviões de papel, que rolou em Salzburgo, na Áustria.
Mas quem não se dá bem com as dobraduras pode tentar outras coisas. Gente com
corpo bem preparado, bom senso e coragem pode arriscar o parkour.
O nome vem do francês "le parcour" ("o
percurso"). Criado pelo parisiense David
Belle, filho de um soldado vietnamita que
inventou várias técnicas de se movimentar
pelas trincheiras, é uma mistura do que você já viu em filmes de kung fu ou "Matrix".
No parkour, o praticante interage com o
espaço à sua volta: pula de um prédio para
outro, salta sobre carros, sobe escadas pelo
corrimão, rola no chão, despenca de árvores... "A idéia é você saber lidar com o ambiente da melhor forma possível e ultrapassar seus medos com consciência", explica o
traceur Jean Wainer, 23, representante no
Brasil da Associação Mundial de Parkour
(Pawa - Parkour Worlwide Association).
Comparado aos outros esportes chamados "radicais", o parkour é um dos mais
simples: não é preciso dinheiro, equipamento, local específico, adversário nem
competições. As exigências são internas. É
preciso ter controle do corpo, da mente e
noção do ambiente em que está.
Como acontece no skate ou nos patins,
não é difícil se ralar, mas o perigo só aparece se for mal calculado. "Eu já olhei um muro uma vez e decidi que não ia pular. Quem
se machuca não teve consciência nem do
obstáculo nem do próprio corpo", diz Jean.
Menos "modinha", mas muito antigo, o
sepaktakraw também está na lista das modalidades inusitadas praticadas pelos jovens. O nome é tão complicado que os envolvidos querem adaptá-lo para "takraw".
"Sepak" quer dizer chute, e "takraw",
bambu, material do qual a bola era feita. O
esporte surgiu na Malásia há 500 anos mas
só na década de 20 passou a ser jogado como é hoje, misturando vôlei, futevôlei, habilidades do futebol e artes marciais.
Quem trouxe o esporte para o Brasil foi o
arquiteto pernambucano Hilário Nóbrega
da Cunha, presidente da Associação Brasileira de Sepaktakraw, em 1989. Em São
Paulo, o professor de educação física Siderlei Costa Lopes é um dos mais envolvidos.
"Eu jogava badminton e descobri que
uns esportistas estavam treinando com a
nossa rede. Eram praticantes de sepaktakraw", conta Lopes, que também ensina o
esporte para meninos da Febem.
Pode parecer um mundo à parte, mas há
uma seleção brasileira de takraw que já foi
quatro vezes disputar a "Copa do Rei" na
Tailândia e é bicampeã da terceira divisão.
Motivos para jovens brasileiros se atraírem pelo takraw não faltam. "Todo menino, quando vê uma bola, quer chutar. Os
brasileiros têm ginga, coisa que os asiáticos
não têm", diz Lopes. No entanto é preciso
muita disciplina para chegar aos pés dos
tailandeses. "Brasileiro é mais largado, precisa ser mais sóbrio", avisa o professor.
Se o parkour e o sepaktakraw ainda estão
numa escala de perigo muito além do que
você procura, é melhor tentar esportes
mais introspectivos.
Munidos de associações organizadoras e
regras, o bilboquê e o joquempô, entre outros exemplos, atraem jovens do mundo
todo. Chame de bizarro, precário, o que
for, mas experimente ler as informações
nos sites e até praticar um pouco para testar
um possível friozinho na sua barriga.
Talvez um garoto da turma do parkour
ache um absurdo alguém encarar joquempô. Mas, ainda bem, há opções para todos
os gostos. Quer jogar o quê?
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