São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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outro mundo

Não estamos sós

Quando eles olham para o céu, procuram mais do que estrelas; conheça gente que acredita em ET

Karime Xavier/Folha Imagem
Paolla e Marcos investigam vida inteligente longe do planeta Terra

DANIEL SOLYSZKO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Numa noite escura de Alpinópolis, no sul de Minas Gerais, Vinicios e um amigo subiram a serra para observar o céu e as estrelas. Estavam dentro do carro e, de repente, olhando para trás, viram uma cratera próxima à uma árvore, com luzes coloridas. "Abrimos o vidro do carro e ouvimos um barulho estranho, mas ficamos com medo de sair porque a gente não sabia bem o que era."
Apesar de já ter interesse por astronomia, o estudante, na época com 16 anos, se tornou obcecado pela ufologia após esse contato imediato assustador.
Hoje, aos 20, Vinicios Batista Dias criou um site sobre o tema, o UFO Zone (www.ufozone.com.br). Para manter sua página sempre atualizada, ele pesquisa arduamente tudo o que encontra sobre o assunto.
"Procuro investigar um pouco para saber a opinião dos especialistas em ufologia e depois tirar minhas conclusões." Entre outras atividades, ele também monitora satélites, na esperança de se deparar com algum caso de avistamento.
Eduardo Gomes de Carvalho, 24, é moderador do site Vigília, um dos muitos encontrados na net sobre o tema. Carvalho afirma ter tido algumas experiências de avistamento, mas acha que não há uma resposta concreta para o que viu. "Talvez fosse um satélite, um balão ou até mesmo um disco voador", afirma o estudante, natural de Goiânia.
Eduardo diz que seu interesse surgiu a partir de filmes de ficção científica, mas, conforme ele foi crescendo, achou a maioria das respostas que procurava em livros de física, química e biologia.
"Isso, sim, me deixava muito curioso. Na maioria dos casos não havia nada de anormal ou paranormal, só bastava ler e entender os fenômenos naturais do nosso planeta."
O estudante acredita que o caminho para a ufologia é manter a seriedade no assunto e acompanhar o desenvolvimento da ciência. "Quem sabe um dia faremos contato com outras formas de vida."
É isso que esperam Paolla Armani, 23, e Marcos Cianfa, 25, jornalistas recém-formados que realizaram seu trabalho de conclusão de curso sobre a "cobertura" do tema pela imprensa. Paolla acha que ainda existe um preconceito forte em relação ao tema. "Há uma política de desinformação muito grande e proposital. Alguns casos são comprovadamente inexplicáveis, existe um acobertamento. Em Varginha, por exemplo, muita gente viu os carros do Exército indo e voltando."
Marcos começou a pesquisar o assunto de maneira séria apenas recentemente, mas afirma que seu interesse vem desde criança, quando, acompanhado do pai, teve um suposto avistamento aos dez anos, em frente a sua casa, em Itapevi.
"Vimos um triângulo, mas na verdade eram três esferas de luz branca, alinhadas como um triângulo. Elas se abriam e giravam de modo compassado. Aquilo começou a descer de uma maneira muito rápida. Eu agarrei no braço do meu pai e aquilo parou numa altura bem baixa. Subiu de novo bem rápido, num ângulo de 90 graus."

Quer ver?
Entre os lugares considerados como os mais propícios para avistamentos de objetos não-identificados no Brasil estão a Chapada dos Guimarães e o Morro do Chapéu, na Bahia; a região de Santa Isabel, no Rio de Janeiro; e algumas cidades do litoral paulista.

Ufologia no Brasil
Pode-se dizer que o interesse por ufologia no Brasil começou a partir de uma fraude jornalística. Em 7 de maio de 1952 a revista "O Cruzeiro" publicou uma série de fotos de supostos Ovnis sobrevoando a Barra da Tijuca, no Rio. A revista estava praticamente à beira da falência e resolveu fraudar as fotos com truques de câmera realizados no local e outros feitos posteriormente no laboratório.
Há quem diga que só fizeram isso para mostrar como era fácil fraudar fotografias e que iriam revelar a verdade publicamente depois, mas a revista acabou. O fato é que as cinco fotos geraram uma intensa especulação e grande interesse no assunto em todo o Brasil.
Entre os então adolescentes que começaram a pesquisar o assunto naquela época, está Claudeir Covo, hoje com 58 anos, um dos mais conhecidos ufólogos do país.
É ele quem comanda o INFA (Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais), que mantém um site com vídeos, relatos e outras informações ligadas à pesquisa e ao estudo de assuntos relacionados à ufologia.
Como a maioria dos garotos da época, Claudeir viveu a era das conquistas espaciais, quando filmes b de ficção científica estavam em alta e todos acompanhavam ansiosos as explorações espaciais de russos e americanos. "Em 1966, um dos astronautas que estava numa das missões Apollo declarou que a nave dele havia sido seguida por um objeto discóide. Isso me deixou muito interessado pelo assunto, porque era uma pessoa bem preparada, não era um qualquer", afirma.
Especialista em analisar imagens, fotografias e filmes de supostos discos voadores, Covo, que também é engenheiro aposentado, faz uma pesquisa séria sobre o assunto. Segundo ele, apenas 2% do material com o qual tem contato não tem nenhuma explicação científica.
"Do restante, 83% são enganos com algum fenômeno físico ou químico, sejam artificiais ou naturais. Outros 15% são fraudes: coisas como pratos de pizza ou tampas de panela, calotas de carro etc. No YouTube, por exemplo, 95% dos vídeos de ufologia são fabricados", conta.
Com tantos enganos e fraudes, Claudeir diz que o que o mantém interessado no assunto é a curiosidade por fenômenos que a ciência não consegue explicar ou compreender. "Eu diria que a busca pelo desconhecido atrai a curiosidade de qualquer ser humano."


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