São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007

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música

Na cola de Kurt

Passeie pela Seattle de Kurt Cobain e pelos lugares que mudaram a história do rock

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SEATTLE (EUA)

Se você acha que foi o espírito de Ian Curtis (Joy Division) que voltou a assombrar a cultura pop, é melhor olhar de novo. Pouco mais de 13 anos depois do tiro que matou de uma vez só o guitarrista Kurt Cobain, o Nirvana, o grunge e a última grande revolução do rock, o Folhateen foi até Seattle, nos EUA, seguir os passos da ascensão e queda do mito Nirvana. Visitou do lugar do primeiro show da banda na cidade até a casa onde Kurt Cobain se suicidou, em abril de 1994. E constatou de perto: Cobain está, digamos... bem vivo.
Não acredita? A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo programou a exibição do já famoso documentário "Kurt Cobain - About a Son", tocante entrevista com o líder do Nirvana recolhida das mais de 25 horas de conversas entre o jornalista Michael Azerrad para seu livro "Come As You Are - A História do Nirvana", agora transformadas em filme.
Paralelo a isso, na semana que vem, mais exatamente na quinta, dia 25, a esperta banda indie paraibana Zefirina Bomba (www.myspace.com/zefirinabomba) toma o clube paulistano Milo Garage para executar um show inteirinho só tocando Nirvana.
Quando novembro chegar, chega também às lojas, finalmente, a versão em DVD do marcante "Unplugged" do Nirvana, talvez o mais famoso acústico da MTV americana. Lançado só em disco em 1994, o DVD vai ter bastidores, entrevistas, ensaios da banda e duas músicas que não apareceram no especial da TV à época (leia texto à pág. 8). A gravadora Universal não tem o acústico em sua planilha de lançamentos deste ano, mas isso não quer dizer que o DVD não tem chance de ser sair aqui logo.
Sim, Kurt Cobain também está na moda. A pomposa revista masculina "GQ" saiu com um especial "Style", na Inglaterra, dizendo que, para ser um "new macho" hoje é preciso se inspirar em caras "intensos e extremos" como Kurt Cobain.
Kurt Cobain está na TV. Depois de o badalado seriado misterioso "Lost" ter colocado Nirvana para tocar ("Scentless Apprentice") em uma cena do final da terceira temporada, a série criminal "Cold Case" escalou oito canções da banda para servir de trilha de seu episódio de estréia da nova temporada, que foi ao ar nos EUA no final de setembro e estréia aqui no dia 5 de novembro.
Também no cinema, o polêmico "Shoot'em Up", provavelmente o filme mais violento da história, estréia no Brasil, com o nome de "Mandando Bala", no dia 2 de novembro. Ele traz em sua movimentada cena de abertura a música "Breed" tocada em volume bem alto.
Na cidade de Seattle, no Estado que fica na ponta esquerda de cima do mapa americano -chamada de "um dos cantos do mundo" e de "a Liverpool dos anos 90", por causa da revolução grunge-, o Folhateen percorreu os 11 pontos da chamada Nirvanapalooza, um tour informal pelos lugares da história da banda de Cobain.
A belíssima casa perto do lago Washington, onde Kurt Donald Cobain acabou a bala com essa história de ele ser "a voz de uma geração", aos 27 anos, hoje é toda cercada e intransponível, para afugentar os fãs saudosos. Até o número 171 de sua localização foi arrancado, para confundir "visitantes".
Colado à ex-mansão de três andares de Cobain está o parque Viretta, onde o roqueiro costumava levar a pequena Frances Bean para passear, sua filha com Courtney Love, sua mulher na ocasião da morte.
Love jogou parte das cinzas do marido na grama do Viretta Park, fazendo do lugar uma espécie de "cemitério" informal de Kurt. Nos dois bancos do parque, todos pichados com mensagens para Kurt escritas em várias línguas, até hoje são colocadas oferendas, bilhetes e pequenos presentes.
Um dos lugares a ser visitados é o Central Tavern, um bar localizado no centro antigo de Seattle e que, diz a lenda, seria o lugar do primeiro show do Nirvana, não fosse a total falta de público para a "estréia" da banda em Seattle (o Nirvana, na verdade, foi formado em Aberdeen, cidade vizinha).
Os atendentes do bar dizem que não têm a menor idéia de que o Nirvana estava escalado mesmo para tocar nesse tal 17 de abril de 1988. Mas a história foi confirmada depois pela banda. O certo é que alguns meses depois o Nirvana voltaria ao Central Tavern para tocar num showcase armado com algumas bandas para executivos da gravadora Sub Pop.
Aí, sim, o Nirvana sairia do Central Tavern feliz, com seus instrumentos. E com um contrato na mão que mudaria totalmente a sua história e a do rock naquele momento.


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